Dicionário de Cultura Básica/Rabelais

Wikisource, a biblioteca livre

RABELAIS (romance picaresco: Pantagruel e Gargantua)

O diabo quis ser monge.
Logo depois ficou bom e voltou a ser diabo.

François Rabelais (1494–1553) é o maior escritor do Renascimento francês. Homem culto e viajado, teve uma existência repleta de aventuras: primeiro, Frade Franciscano, depois, da Ordem dos Beneditinos, em seguida, renunciando à vida religiosa, se dedicou à medicina, para voltar a servir Deus como pároco. Sua obra ficcional está centrada sobre a descrição dos "Horríveis e espantosos feitos e proezas do mui afamado Pantagruel" e da "Vida inestimável do grande Gargantua", pai de Pantagruel. Trata-se de uma narrativa cíclica, dividida em Cinco Livros, uma parte publicada póstuma. Os protagonistas são dois heróis-cômicos que, por uma linguagem imaginosa e truculenta, descrevem suas loucas aventuras, exaltando o espírito da boemia e o gozo da vida carnal. O romance de Rabelais se insere na linha da literatura que o crítico russo M. Bakhtine chama de "carnavalizada", que tem como antecedentes o Satíricon de Petrônio, O Asno de Ouro (→ Metamorfoses) de Apuleio, o Decameron de Boccaccio e, como sucessores, a narrativa picaresca espanhola: Lazarillo de Tormes (anônimo, 1554), Guzmán de Alfarache, de Mateo Alemán (1559) e La vida del Buscon, de Francisco de Quevedo (1626).