História da Mitologia/XXI
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Baco[editar]Baco era filho de Júpiter e Sêmele. Juno, para satisfazer seus ressentimentos contra Sêmele, arquitetou um plano para destruí-la. Tendo assumido a forma de Beroe, sua já idosa criada, lançou dúvidas em seu coração se era de fato o próprio Jove, seu amante, que haveria de chegar. Dando um suspiro, ela disse, "Espero que seja ele mesmo, mas não posso deixar de ficar assustada. As pessoas nem sempre são o que elas pretendem ser. Se ele for Jove realmente, faze com que ele me dê uma prova disso. Pede a ele que venha vestido com todo seu esplendor, da maneira que ele costuma se trajar no céu. Isso irá tirar qualquer dúvida." Sêmele foi convencida a fazer um teste. E pede a ele um favor, sem mencionar do que se tratava. Jove lhe dá a palavra, vindo a confirmá-la com um julgamento irrevogável, sob testemunho do Rio Estige, que era terrível para com os próprios deuses. Então, ela deu a conhecer o que desejava. O deus a teria impedido de falar, mas ela falava com muita pressa. As palavras lhe fugiram, e ele não conseguia nem descumprir a promessa nem atender-lhe o pedido. Profundamente aflito, ele saiu e retornou até os páramos superiores. Então, ele se vestiu com todo seu esplendor, despido de todos os horrores, como na tarde em que derrotou os gigantes, mas com as vestimentas conhecidas entre os deuses como seu troféu mais modesto. Trajado desta maneira, ele adentrou o quarto de Sêmele. A estrutura humana da jovem não conseguiu suportar os resplendores de seu brilho imortal. E ela se transformou em cinzas. Jove levou o pequeno Baco e o colocou aos cuidados das ninfas de Nisa, que o amamentaram na infância e na meninice, e por terem cuidado dele, elas foram recompensadas por Júpiter sendo colocadas, como as Híades, entre as estrelas. Quando Baco ficou grande, ele descobriu a cultura do vinho e a maneira de extrair seu suco precioso; mas Juno fez com que ele enlouquecesse, e o transformou num peregrino vagando pelas várias partes da Terra. Na Frígia a deusa Reia lhe devolveu a saúde e ensinou a ele seus rituais religiosos, e ele continuou viajando pela Ásia, ensinando às pessoas o cultivo da uva. A parte mais famosa de suas andanças foi a sua expedição até a Índia, que dizem ter durado vários anos. Ao retornar em triunfo, começou a introduzir na Grécia o culto à sua pessoa, porém, teve a resistência de alguns príncipes, que receavam-lhe a adoração por conta das desordens e da loucura que lhe eram atribuídas. A medida que ele se aproximava de Tebas, sua cidade natal, Penteu o rei que não respeitava o novo culto, proibiu que esses rituais fossem realizados. Porém, quando ficaram sabendo que Baco estava nas imediações, homens e mulheres, mas, principalmente as mulheres, jovens e de idade, se apressaram para encontrá-lo e se juntar à sua marcha triunfal. O poeta Longfellow (1807-1882) em sua "Canção à Bebida" descreve desta maneira a marcha de Baco: "Faunos acompanham o jovem Baco; Inutilmente, Penteu protestatava, ordenava, e ameaçava. "Ide," dizia ele para os seus servidores, "e prendei este líder vagabundo que causa toda essa desordem e trazei-o até aqui. Logo o farei confessar suas falsas pretensões de parentescos celestiais e abjurar sua presumida adoração." De nada adiantou que seus amigos mais próximos e conselheiros mais sábios protestassem e lhe pedissem para ele não se opor ao deus. O protesto de seus sequazes apenas o deixava mais violento. Mas os serviçais que haviam sido enviados para prender Baco já haviam retornado. Eles haviam sido expulsos pelos bacanais, mas haviam conseguido trazer um como prisioneiro, o qual, com suas mãos atadas para trás, foi colocado diante do rei. Penteu, contemplando-o com o semblando irado, disse, "O companheiro será imediatamente colocado à morte, para que a tua sorte seja um aviso para os outros; porém, embora eu relute em adiar a tua morte, falai, dize-nos quem és, e do que se trata esse novos rituais que vocês se atrevem realizar." O prisioneiro, respondeu, sem se atemorizar, "Meu nome é Acetes; e meu país se chama Meônia[2]; meus pais eram gente pobre, que não tinham campos ou rebanhos para me deixar, mas eles me deixaram suas varas de pescar e suas redes, além do comércio da pesca. Durante alguns anos tive essa profissão, até que fui ficando cansado de permanecer no mesmo lugar, então, aprendi a arte da navegação e como orientar o meu curso olhando as estrelas. E aconteceu que quando estávamos navegando em direção a cidade de Delos, passamos pela ilha chamada Dia onde desembarcamos. Na manhã seguinte, enviei meus homens para que buscassem água fresca, então, eu mesmo fui até a montanha, para observar a direção do vento; quando os meus homens retornaram, traziam com eles um prêmio, como pensavam, era um garoto com aspecto delicado, que eles haviam encontrado dormindo." "Acharam que se tratava de um jovem da nobreza, talvez o filho de um rei, e que poderiam conseguir um resgate generoso com ele. Observei as roupas que ele usava, seu jeito de andar e o seu aspecto. Havia nele algo que me dava a certeza de tratar-se de alguém maior que um mortal. Então, disse aos meus homens, "Que deus estará oculto nessa aparência eu não sei, mas alguém aí se encontra com certeza. Perdoa-nos, gentil divindade, pela violência com que te tratamos, e faze com que sejamos bem sucedidos em nossos cometimentos." Dictys[3], um dos meus melhores homens em subir e descer do mastro usando as cordas, Melanto, meu timoneiro, e Epopeu, líder dos marinheiros, gritaram todos de uma só vez, "Guarda para nós tuas orações." Porque a sede de lucro nos cegou! Quando eles se preparavam para colocá-lo a bordo fui contra." "Este navio não será profanado com tanta impiedade," disse eu. "A minha parte nele é maior do que qualquer um de vocês." Mas Lícaba, um companheiro criador de casos, me pegou pela garganta e tentou me atirar para fora do navio, e por pouco não consegui me salvar pendurando-me nas cordas. Os demais concordaram com o que havia sido feito. "Então, Baco, (pois era de fato ele), como que fugindo da própria sonolência, exclamou, "O que fazeis comigo? Porque estão todos discutindo? Quem me trouxe até aqui? Para onde vocês estão me levando?" Um deles respondeu, "Nada temais; dize-nos onde queres ir e te levaremos até lá." "Naxos é onde moro," disse Baco; "levai-me lá e sereis bem recompensado." Eles prometeram que o fariam, e me pediram para que pilotasse o navio até Naxos. Naxos ficava à direita, e eu estava manejando as velas para chegarmos até lá, quando alguns, através de sinais e outros sussurrando, me davam a entender que eu deveria velejar em sentido contrário, e levar o garoto até o Egito para vendê-lo como escravo. Eu fiquei confuso e disse, "Será que alguém poderia pilotar o navio;" e me retirei, afastando-me de qualquer responsabilidade da maldade que pretendiam. Eles me ofenderam, e um deles, exclamando, "Não se vanglorie por dependermos de você para nossa segurança;" tomou o lugar de piloto, e zarpou de Naxos. "Então, o deus, fingindo que acabava de tomar conhecimento daquela traição, olhou a imensidão do mar e disse com voz chorosa, "Marinheiros, estas não são as praias que prometestes me levar; aquela ilha não é onde moro." "O que foi que eu fiz para me tratarem assim? Que glória insignificante tereis iludindo um pobre garoto." Chorei ao ouví-lo, mas a tripulação ria de nós dois, e imprimiram ao navio maior velocidade. Mas, de repente – essa é a verdade, por mais estranho que isso possa parecer – o navio parou, em pleno mar, tão rapidamente como se estivesse preso ao solo. Os homens, assustados, colocaram mais força em seus remos, e estenderam mais as velas, tentar obter algum sucesso com a ajuda de ambos, mas era tudo em vão. Uma hera se enroscou em torno dos remos impedindo-lhes o movimento, e agarrou-se às velas, com os pesados cachos de seus frutos. Um vinhedo, carregado de uvas, subiu pelo mastro, percorrendo as laterais do navio. Sons de flautas eram ouvidos e o odor da fragrância do vinho se espalhava por toda parte." "O próprio deus usava uma coroa com folhas de uva, e trazia em suas mãos uma lança feita de hera. Tigres estavam agachados aos seus pés, e figuras de linces e de panteras pintadas brincavam em torno dele. Os homens ficaram todos loucos e alienados; alguns saltavam para fora do navio; e outros que se preparavam para fazer o mesmo contemplavam seus companheiros que sofriam uma modificação ao atingirem a água, seus corpos ficavam achatados com terminações em caldas retorcidas. Um deles exclamou, "Que coisa mais estranha!" e enquanto ele falava, a sua boca ficava mais larga, as suas narinas se expandiam, e escamas cobriam todo o seu corpo. Um outro, que tentava mover os remos, percebeu que suas mãos encolhiam e na verdade elas não eram mais mãos, porém, barbatanas; um outro que tentava levantar seus braços para pegar uma corda, percebeu que ele não tinha braços, e dobrando seu corpo mutilado, pulou para dentro do mar." "O que antes era suas pernas havia se transformado em duas extremidades de uma cauda em formato crescente. Toda a tripulação havia se transformado em golfinhos e ficava nadando em torno do barco, ora pela superfície, ora debaixo dela, lançando jatos dágua, e jorrando água pelas suas enormes narinas. Dos vinte homens só restava eu. Tremendo de medo, o deus me animou. "Nada temas," disse ele; "conduza-nos até Naxos." Obedeci, e ao chegarmos lá, acendi incenso nos altares e celebrei os sagrados rituais de Baco." O meu amigo Penteu exclamou, "Já perdemos tempo demais com esta história maluca. Levem-no embora e façam com que ele seja executado sem demora." Acetes foi levado embora pelos servidores e lacrado numa prisão; mas, enquanto eles estavam preparando os instrumentos para a execução as portas da prisão começaram a se abrir sem mãos humanas e as correntes se soltaram de seus membros, e quando foram procurá-lo ele não foi encontrado em lugar nenhum. Penteu ficou furioso, mas ao invés de enviar outros homens, decidiu ele mesmo ir até o palco das solenidades. O monte Citerão estava lotado de adoradores, e os gritos dos bacanais ecoavam por toda parte. O barulho despertou a fúria de Penteu, assim como o som de uma trombeta incendeia a valentia de um cavalo de guerra. Ele atravessou a floresta até chegar num espaço aberto onde a cena principal das orgias chocaram os seus olhos. No mesmo instante as mulheres o viram; e na frente delas estava a sua própria mãe, Agave, enceguecida pelo deus, que gritava, "Vejam o javali selvagem, o maior monstro a perambular por estas florestas! Venham, irmãs! Eu serei a primeira a ferir o javali selvagem." E todo o grupo começou a correr atrás dele, e embora ele se mostrasse agora menos arrogante, ora se desculpando, ora admitindo o próprio erro a implorar perdão, elas o acuaram e ele acaba ferido. Em vão ele grita para as suas tias protegerem-no de sua mãe. Autonoe pegou um de seus braços, Ino o outro, e ele foi feito em pedaços pelas duas, enquanto sua mãe gritava, "Vitória! Vitória! nós conseguimos; a glória é nossa!" E assim o culto a Baco foi instaurado na Grécia. Há uma alusão à história de Baco e os marinheiros no poema "Comus" de Milton (1608-1674), na linha 46. A história de Circe será contada no Capítulo XXIX. "Baco tendo surgido primeiro das uvas púrpuras Ariadne[editar]Vimos, na história de Teseu, como Ariadne, filha do rei Minos, depois de ajudar Teseu a fugir do labirinto, foi raptada por ele até a ilha de Naxos e lá foi deixada dormindo, enquanto o ingrato Teseu fazia o caminho de volta para casa sem ela. Ariadne, quando acordou e viu que tinha sido abandonada, entregou-se à desilusão. Mas Vênus ficou com dó dela, e a consolou com a promessa de que teria um amor imortal, no lugar do mortal que ela havia perdido. A ilha onde Ariadne foi deixada era a ilha favorita de Baco, a mesma para onde ele queria que os marinheiros tirrenos o tivessem levado, quando eles, de maneira tão sórdida, pretendiam fazer dele um troféu. Como Ariadne estivesse lamentando sua sorte, Baco a encontrou, a confortou, e fez dela sua esposa. Como presente de casamento, ele ofereceu a ela uma coroa de ouro, repleta de pedras preciosas, e quando ela morreu, ela levou consigo a coroa, atirando-a para o céu. A medida que subia as pedras preciosas foram se tornando mais brilhantes e se transformaram em estrelas, e preservando a própria forma, a coroa de Ariadne se fixou no espaço celeste como uma constelação, entre Hercules de joelhos e o homem segurando a serpente. O poeta Spenser (1552-1599) se refere à coroa de Ariadne, embora ele tenha cometido alguns equívocos em sua mitologia. Foi no casamento de Pirítoo, e não de Teseu, que os Centauros e os Lápitas tiveram uma briga. "Veja como a coroa usada por Ariadne Notas e Referências do Tradutor[editar] |