Meu Captiveiro entre os Selvagens do Brasil (2ª edição)/Capítulo 32
que perguntou por mim
Nesse interim chegou de S. Vicente um navio portuguez, que deitou ancora não longe do sitio em que me achava e disparou um tiro de peça. Era o signal do costume para que os indios viessem ter com os navios.
Ao ouvirem o tiro, disseram-me elles:
— Ali estão os teus amigos portuguezes; querem talvez saber se ainda vives para te resgatarem.
Suppuz que se algum navio portuguez passasse por ali haveria de indagar de mim, e para que com isso não se corfirmassem os selvagens na crença de que eu era portuguez, disse-lhes que tinha com os portuguezes um irmão francez e que era elle certamente quem me procurava.
Mas os indios, que não desistiam de suppor-me pero, approximaram-se do navio a ponto de fala.
Os portuguezes perguntaram-lhes como eu passava; os indios responderam que não sabiam nem se importavam commigo.
E ficou nisso a tentativa de salvamento.
Logo depois o navio partiu e sabe Deus o que padeci!
Os indios murmuraram:
— Temos o homem certo; já mandam navios atrás delle!
Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.