O Boi Barroso
Meu boi barroso,
Que eu já contava perdido,
Deixando o rastro na areia
Foi logo reconhecido.
Montei no cavalo escuro
E trabalhei logo de espora
E gritei — aperta, gente,
Que o meu boi se vai embora!
No cruzar uma picada,
Meu cavalo relinchou,
Dei de rédea p'ra esquerda,
E o meu boi me atropelou!
Nos tentos levava um laço
Com vinte e cinco rodilhas,
P'ra laçar o boi barroso
Lá no alto das coxilhas!
Mas no mato carrasquento
Onde o boi 'stava embretado,
Não quis usar o meu laço,
P'ra não vê-lo retalhado.
E mandei fazer um laço
Da casca do jacaré,
P'ra laçar meu boi barroso
No redomão pangaré.
Eu mandei fazer um laço
Do couro da jacutinga,
P'ra laçar meu boi barroso
Lá no paço da restinga.
E mandei fazer um laço
Do couro da capivara,
P'ra laçar meu boi barroso:
E lacei de meia cara.
Pois era um laço de sorte,
Que quebrou do boi a balda
Quando fui cerrar o laço,
Só peguei de meia espalda!