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O Livro de Esopo/O gallo e a pedra preciosa

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I. [O gallo e a pedra preciosa]

[C]omta-sse que hũa vez hũu guallo, amdamdo em hũa caualariça escaruando por achar algũa cousa pera comer,[1] achou hũa muy fremosa pedra preçiosa; e maravilhou-sse e disse:

— Ó gema preçiosa e nobilisima, a quall jazes em aqueste vill luguar: tu nom fazes a mym nhũu[2] proueyto; mais sse te a ty achasse outra perssoa[3] que conhoçesse o teu nobre esplamdor, tu sserias posta em algũu luguar arteficioso e nobre. Çerto tu nom es compridoyra a mym, nem eu a ty[4]. Eu sseria mays ledo sse achasse hũa pouca de hisca pera comer, que achar ty.




Per aquesta hestoria rreprehemde este auctor os ssamdeus e homẽes de pouco emtender, os quaaes nom curam nem querem curar por a sçiençia quamdo podem; e quamdo achan algũa cousa que lhe sseria proueytosa, ha despre/[Fl. 2-r.]çam e nom curam d’ella, e ao depois sse rrepemdem: assy que pello gualo sse emtende o ssandeu, e pella pedra preçiosa[5] sse emtende a graça da ssapiemçia, a quall nom he conhoçida dos samdeos, mais he conhoçida dos sabedores.

Notas

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  1. Segue-se um e, que parece estar riscado. De facto, não faz sentido.
  2. Leia-se nem hũu ou nehũu
  3. No ms. pssoa, com p cortado na perna.
  4. Sobre o ty vê-se um til (um tanto sumido). Foi engano por influencia do mym precedente, isto é my com til. Logo a baixo o ms. tem normalmente ty.
  5. No ms. pçiosa. Acima porém está preçiosa.