O Sacrifício/X

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Em vão, esperou Ângelo que Maurícia lhe escrevesse, pedindo-lhe o auxílio dos seus serviços, segundo ajustado entre eles. Decorrera já uma semana depois da festa que os reunira em casa de Martins. Era tempo bastante para uma resolução. Mas o silêncio de Maurícia sobre o prometido era absoluto.

Indo no domingo à casa do amigo, foi sabedor dos meios empregados por ele, Albuquerque e Eugênia para induzirem a mãe de Virgínia a dar o passo que ela condenava. Eugênia contou-lhe as coisas pelo miúdo; repetiu-lhe trechos da carta que escrevera à irmã; os mais decisivos ela os tinha de memória, e fácil por isso lhe foi reproduzi-los. Não era, porém, ainda conhecida a última resolução de Maurícia, e os parentes desta mostravam-se inquietos e apreensivos. Em sua opinião ela havia de usar a maior tenacidade, antes de decidir-se pela solução que eles indicavam e tinham por justa e conveniente.

Ângelo não pode ocultar o seu espanto ao vê-los assim mudados. Pediram o seu parecer sobre o ponderoso objeto que os trazia preocupados; ele habilmente fugiu de se declarar a semelhante respeito.

Voltou à casa inteiramente entregue ao seu violento afeto, mau conselheiro, mas absoluto senhor das suas ações. D. Rosalina conheceu-lhe a diferença, e atribuindo o estado da excitação moral, que notou no sobrinho, a uma paixão passageira tão comum na mocidade, dirigiu-lhe gracejos para os quais ele só teve em resposta o silêncio.

Ângelo inclinou-se sobre a chaise-longue , que tinha no seu quarto, ao pé da janela que dava para o jardim. Seus olhos azulados volveram-se para o arvoredo contíguo em demanda de uma idéia decisiva. Os raios de sol ajudados da viração brincavam coma folhagem dos cajueiros e das mangueiras, vertendo sobre a solidão os vivos tons da sua luz. Havia aí serenidade e paz, que contrastavam com o desvairado da vista e o revolto dos pensamentos do bacharel. Este contraste foi uma como advertência para que no fogo do seu cérebro, e não na suave tepidez da Natureza buscasse ele caminho por onde devia dirigir-se a próximo e inevitável abismo.

De feito, o caminho, para não dizer os desvios, por onde a razão se perde em demanda do desconhecido, depressa se lhe mostrou, não coberto de puas traiçoeiras e mortais, mas juncado de rosas esquisitas, que a sua imaginação tingia com as cores afogueadas da sua exaltação.

Passados alguns instantes, Ângelo levantou-se. Tinha tomado uma resolução. Ao pé da estante, que olhava para o jardim, estava o baú onde era guardada a sua roupa branca. Ângelo abriu-o, tirou de dentro uma caixinha de pau-cetim, e de dentro vários bilhetes de banco. Eram as suas economias. Contou-os um por um. "É pouco, disse consigo, mas basta para as despesas urgentes". Tirou alguns desses bilhetes, que meteu na carteira, e guardou o restante no lugar onde estavam antes.

Sentou-se depois à mesa de estudo, e escreveu uma longa carta à Maurícia. A pena correra no papel nervosamente. Nessa carta, havia um poema ou antes um corpo de delito; mas os seus olhos não viram nela o delito, senão a poesia, que o coração em febre vertia como revelação de altos intuitos.

— Maurícia irá comigo, disse ele, terminando a leitura da carta. Havemos de ser felizes. Meu pai e minha mãe hão de ficar satisfeitos de me ver voltar. Dir-lhe-eis que Maurícia vai refugiar-se no seio deles para escapar à sanha de um tirano; que é parenta de um meu amigo; que merece a benevolência das suas almas carinhosas. A intimidade há de proporcionar-lhe ocasião de reconhecerem as insignes qualidades das suas hóspedes. Hão de ter para Maurícia e Virgínia paternais solicitudes. Não haverá nisso nada que se possa estranhar. Albuquerque não as recebeu em casa, não as trata como pessoas da família?

Era evidente a exaltação cerebral do advogado.

Ao sair, disse a D. Rosalina que não esperasse por ele para jantar. Disse mais que devia voltar de noite; que tinha saudades dos pais; que talvez, muito breve, realizasse uma viagem à povoação, onde moravam. Três horas depois, tinha contratado com um barcaceiro da sua confiança uma viagem àquela povoação para qualquer dos próximos dias.

Ângelo delirava. O seu talento enfraquecia e deixava se vencer na luta com o seu amor. Não podia ser diferente o resultado dessa luta, visto que ele tinha o coração virgem, e aquele amor era o primeiro que aí despertava. Posto que poeta, nenhuma das belezas humildes da povoação o apaixonara no meio dos passados dissabores. Alguma vez em que os seus afetos, quase afogados nas ondas do infortúnio, sobrenadavam como náufragos, e demandavam região hospitaleira, onde aportarem, esse região não era o amor; a mulher não era o fanal que surdia diante dos olhos do desnorteado, prestes a submergir-se no iroso pélago; o seu fanal era a Natureza, para qual o náufrago se voltava com confiança que não se divide, antes se concentra em um ponto único.

Ângelo fora do Recife, onde se acostumara a ver mulheres de sedutora beleza, que ostentavam, com suas graças naturais, os ouropéis do luxo e as galas com que a vaidade se alimenta.

Em lugar dessa divindade rutilante, que devesse à arte do toucador a metade dos seus primores e milagres , ele fora achar na praia longínqua e pobre a filha do pescador com seu vestidinho curto e estreito, as chinelas grosseiras, o cabelo desleixadamente atado, uma flor entre as tranças, uma fita na cinta. Convivendo com os pescadores, ouvira referir-se ás novenas na capela, aos fandangos , aos bois , tradicionais brinquedos com que se costumam celebrar o Natal por aquelas praias, onde ainda se observam muitos dos hábitos do tempo do rei velho. Nenhuma dessas belezas rústicas lhe falara, como as jovens praianas das representações teatrais, dos bailes ruidosos, das festas esplêndidas, que ele, mau grado seu, não podia esquecer no meio dos seus desgostos, e cuja lembrança, avivando-lhe a dor de as haver perdido, mais aumentava a intensidade deles. Então, quase descrente, o espírito fatigado de procurar em vão ídolo para seu culto, o coração ermo de amor e só povoado de sombras que aí projetavam as asas negras do infortúnio, voltava-se aos painéis da Natureza, e em contemplá-los achava força e alentos afim de não morrer de todo. Eis porque tornado ao Recife, trouxera a alma desacompanhada, sincera e impressionável.

Às cinco horas da tarde, Ângelo entrou na Estrada Nova. Alugara um cavalo na melhor cocheira do Recife e seguira amparado das primeiras sombras da noite, manto protetor dos namorados.

Era levado ali pela intenção de encontrar-se com Maurícia; mas, podendo acontecer que tal encontro se não realizasse, conduzia a carta que sabemos, e que ele esperava ter meios seguros de fazer que fosse entregue. Não são difíceis nos engenhos mensageiros dos que este serviço requeira.

O engenho ficava antes da povoação; mas Ângelo, ou porque havia ainda muito ar de dia ou porque imaginasse que podia encontrar Maurícia no povoado, passou pelo engenho, e foi parar à porta de uma cocheira, onde devia deixar o cavalo, a fim de ser menos ruidosa a sua excursão.

Ainda nenhum namorado foi melhor favorecido pelo acaso do que o bacharel neste arriscado passo. Mal descavalgava, um vulto simpático, em que ele imediatamente reconheceu Maurícia, passava pelo outro lado da estrada. A cocheira estava na última casa da rua, e entre ela e o engenho metia-se uma centena de braças. Este espaço era despovoado, e ordinariamente deserto. De certo ponto em diante, começava o cercado. Passadas obras de cinqüenta braças, era a pesada porteira. Os espaços que ficavam desta para o Recife e para Caxangá eram numa parte descobertos, mas em outras apresentavam-se protegidos por árvores sombrias.

Maurícia tinha saído a visitar uma discípula que morava no povoado. Era sempre acompanhada de Virgínia que ela se dirigia ao Caxangá para tomar lição a várias alunas que ali tinha; mas Virgínia saíra a passeio com Alice e Paulo para as bandas de Apicucos, quando lhe vieram dizer que aquela discípula estava doente. Os dias que se tinham passado depois das cenas representadas nos aposentos de Maurícia, esta os vivera na mais acerba tristeza. Comunicada a sua heróica resolução a Albuquerque, ela não descera mais do sobrado senão para as refeições. Não tinha olhos, não tinha alma, senão para ver interiormente a sua desventura, e pensar na incerteza do seu destino. Quando uma semana antes voltara de estrada de João de Barros, o pensamento que prevalecia entre outros muitos que lhe tumultuavam no entendimento era o de sacrificar todas as conveniências à manutenção da sua independência. Evidentemente, esta criatura estava fora do seu natural, quando não se dirigia por si mesma, quando era obrigada a aceitar o governo estranho para seus atos. Conhecendo o que valia, viera resoluta a defender a sua liberdade. Seu amor incipiente, mas já grande, fortificara-a neste intento e chegara a inspirar-lhe a carta que escreveu a Martins. Mas as circunstâncias tinham sido mais poderosas do que a sua vontade, tinham imposto cruelmente ao seu espírito a solução que ela mais temia, e que considerava a mais contrária ao seu futuro sossego.

Este golpe enfraqueceu as suas faculdades. Sobreviera o desânimo, e em conseqüência o isolamento. O piano, termômetro do estado dos seu afetos, tornara-se silencioso. Enfim, Maurícia caíra nessa atonia moral, que parece indicar um estado mórbido do espírito, quando não passa de uma lenta consunção do coração. Mas aquela tarde uma como reação, proveniente talvez da impressão que produzia nela a notícia de estar enferma aquela amiga para quem tinha grandes preferências, viera dar-lhe novos alentos.

Se tal não foi a razão do seu procedimento, teve este por origem motivo diverso, mas correlativo. Bezerra, depois da última visita, por ocasião da qual Maurícia se negara a aparecer-lhe, não tornara ao engenho. Maurícia suspeitou que ele viria aquela tarde; e, pois não tinha ainda as forças que semelhante recepção exigia, aproveitou-se da aludida circunstância, no pressuposto, talvez falso, de diminuir uma dor que o espaçamento antes aumentava. O capricho natural da mulher, achou, então, ocasião para exercitar seu predomínio. Maurícia escolheu um dos seus melhores vestidos. Ao cabelo, que há três dias andava quase despenteado, deu ela forma graciosa que, ostentando a sua opulência, lhe deixou livre a ampla fronte, e descoberto o pescoço claro e esbelto. Maurícia estava encantadora.

Ângelo alcançou-a tanto que ela entrou na quadra deserta do caminho.

— Não podendo esquecer-me da senhora, vim pessoalmente receber suas ordens.

Maurícia não soube a princípio o que dizer. A sua surpresa fora grande. Confusão de prazer e descontentamento, de confiança e temor foi a primeira impressão do seu gesto, que ela não pode ocultar.

— Como eu estava longe de esperá-lo por aqui! - disse revelando com franqueza toda a sua violenta impressão.

A esse tempo Ângelo tinha-lhe oferecido o braço, e caminhavam juntos.

— Sabendo que todos aqueles de quem a senhora devia esperar auxílio tinha tomado o partido de seu marido, julguei do meu dever vir oferecer-lhe os meus serviços. Está tudo pronto. A viagem já está contratada. Nada nos há de faltar. Embarcaremos hoje mesmo, se o quiser. Tenha confiança em mim. Meu coração está com a senhora. Defendê-la-ei em toda parte. Sacrificar-me-ei, se tanto for preciso, por lhe ser agradável. Oh! nada me agradeça, nada me agradeça. Nada me deve. Eu, sim, tudo lhe devo. Não obstante as apreensões, as preocupações que me dominaram durante esta semana. tenho vivido mais nestes últimos dias do que vivi em todos os meus vinte e dois anos. Não percamos tempo. A senhora não tem uma pessoa por si, a não ser eu. Se se demorar mais um dia no engenho, já não lhe será possível, talvez, escapar, às garras de seu marido.

Para que Maurícia ajuizasse do estado moral do bacharel não era preciso mais do que acabava de ouvir. Estas palavra veementes e desconexas acusavam tal excitação em seu amigo que produziam nela certa impressão de pavor. Conheceu que a paixão que inspirara a Ângelo tinha nascido com força descomunal como a criança mitológica que sufocava no berço as serpentes. Esta grandeza lisonjeou o seu amor próprio, e, ao mesmo tempo, assustou-a. A lembrança da sua última resolução, ela ainda a trazia na memória como sombra agoureira, e foi motivo para que os seus temores aumentasse ainda mais. Procurou em si forças para revelar-lhe esta decisão, e não as encontrou. Que não faria Ângelo, quando fosse sabedor de semelhante desenlace, que importava o aniquilamento da fé imensa que enchia os eu espírito e dava ao seu afeto as proporções de um poder sobrenatural?

Maurícia não teve coragem para derruir com algumas palavras o risonho castelo que o poeta levantara no coração.

"Não serei eu, disse ela consigo, repassada em amargura, não serei eu quem destrua este grande amor, esplêndida ilusão, que é obra minha; que eu própria gerei."

Obedecendo a esta ordem de idéias, julgou prudente ocultar a verdade; e o fez, dando nova direção ao pensamento capital da prática encetada por Ângelo.

— Senhor, eu não posso deixar de agradecer-lhe tanta solicitude.

— Por que não dá o devido nome ao que chama de solicitude? Por que não lhe chama antes de amor?

— Tem razão. Posso eu ser indiferente a estas demonstrações do amor, que me vota? Este amor me cativa. Dá-me prazer e orgulho. Nunca tive quem manifestasse tão afervorado afeto por mim. Encontro, enfim, a felicidade no meio da maior desventura. Não o duvide: a desventura é o meu estado atual, não obstante a grandeza que seu coração me oferece, e que é um tesouro que não tem preço. Mas o que o senhor propõe é atualmente impossível. Para escapar a companhia do meu marido há meios mais convenientes do que a fuga. Martins não lhe disse que eu lhe falara de divorciar-me por justiça.

— Neste sentido, nada me disse; mas para que há de pedir a senhora aos tribunais a separação que já uma vez levou a efeito, e se pode realizar agora mesmo sem intervenção de ninguém?

— Não concorramos para um resultado que a precipitação pode tornar fatal.

— Não há precipitação. Uma carruagem poderá vir em menos de meia hora receber a senhora e D. Virgínia, e conduzi-las para o lugar do embarque. Ao amanhecer, estaremos longe, e dentro de trinta horas poderemos aportar no cantinho feliz, onde tenho meus pais que hão de receber-nos com o mais vivo contentamento, como se todos fôssemos seus filhos.

Tinham chegado a certo ponto, onde a estrada formava um ângulo. Havia aí uma grande árvore. A estrada estava deserta. As sombras da noite estendiam-se rapidamente. A paisagem parecia lançar nos espíritos vagas confianças, misturadas de pavores - contradição gerada pela luz que fugia e pelas sombras que adiantavam.

Diante dessa natureza, que era uma incitação muda, posto que irresistível, ao que as paixões oferecem veemente e embriagante, Ângelo parou tomado de delicioso sentir.

Pegando as mãos de Maurícia, pousou nela os olhos que despediam grandes brilhos azulados como as estrelas. Maurícia estava pálida e abalada. Nada disse. Recebeu, não sem prazer, na face o fulgor dessa inspeção, que o bacharel parecia querer levar-lhe no íntimo da alma.

— Por que não aceita os meus serviços? Que pretextos são estes? Enquanto eu me sinto capaz de levar a efeito impossíveis para tê-la comigo, a senhora levanta escusas frívolas. É manifesta a causa de tais escusas. Cuidei que lhe merecia um afeto, mas o que a senhora sente por mim é simples curiosidade. Quer ver talvez, até onde irá o delírio de uma alma que teve a desgraça de se deixar vencer pelo esplendor de sua beleza.

Maurícia demorou-se um momento a dar-lhe a resposta. Parecia ter a voz presa e a respiração opressa.

— Como é injusto! o disse enfim. Não são escusas frívolas que levanto, são justas razões que aconselham a sermos prudentes; Que idéia daríamos de nós, se fugíssemos assim? E por que havemos de fugir? O senhor já refletiu maduramente na grave situação em que ficaria Virgínia, se realizássemos semelhante loucura?

— Chama a isso de loucura? - inquiriu Ângelo, sentindo as mãos geladas e trêmulas.

— E que nome se deve dar a tão arriscado plano?

— Diz a verdade - tornou o bacharel. Que sou, eu, senão um louco? Sinto que a razão se me desvaira; mas é à senhora que devo tal desvairamento; devo-o aos seus olhares magnéticos, à majestade das suas graças, ao brilho do seu talento. A senhora escravizou-me, e agora quer cortar o vôo da paixão que é obra sua, e que de suas mãos recebeu o impulso, que me atira para o imprevisto! Seja cordata e justa. A senhora deve acompanhar-me nesta vertigem, que pôs em minha alma, e cuja responsabilidade lhe pertence em sua maior parte.

— Acompanhá-lo-ei oportunamente. Agora, não. É impossível. Não vejo nisto indício de desamor. Como eu seria feliz, se pudesse ser desamorosa! Não duvide do meu amor; duvide da oportunidade das circunstâncias; duvide da conveniência deste modo de resolver uma dificuldade que é um laço de ferro, que me prende por toda a vida àquele que a fatalidade pôs no meu caminho para apavorar os meus sorrisos, e afugentar a chuva de flores em que se banhava a minha mocidade. Não duvide de mim. Escute. As minhas circunstâncias são melindrosas. Quem sabe o que neste momento não se estará pensando a meu respeito ao notar-se a minha ausência? Faço um apelo ao seu critério. Entreguemos ao futuro os nossos destinos. Terá coragem o senhor para proceder de modo diferente. Não há de ter. Volte à sua casa. Teremos ocasião de nos entendermos sobre este assunto.

— Poderei levar pelo menos a certeza que lhe mereço o seu afeto? - perguntou Ângelo, compreendendo tardiamente que urgia sair de tão arriscada situação.

Maurícia fitou-o com os seus grandes olhos deslumbrantes. O ardente colóquio com o bacharel tinha-lhe trazido um resultado não isento de perigos; as paixões que repousavam silenciosas no fundo da sua alma, ela as sentiu erguerem-se vivazes como nos primeiros anos da mocidade.

— Pode - respondeu com voz tímida.

Ângelo apertou-a contra si e deu-lhe um longo beijo a que ela não opôs nenhuma resistência.

As paixões de Maurícia tinham de feito despertado.