Ozymandias (Shelley)
Aspeto
SONETO[1]
OZYMANDIAS.
Encontrei um viajante vindo de uma antiga terra
Que me disse: — Duas imensas e destroncadas pernas de pedra
Erguem-se no deserto. Perto delas, sobre a areia
Meio enterrado, jaz um rosto despedaçado, cuja carranca
Com lábio enrugado e sorriso de frio comando
Dizem que seu escultor soube ler bem suas paixões
Que ainda sobrevivem, estampadas nessas coisas inertes,
A mão que os escarneceu e o coração que os alimentou
E no pedestal aparecem estas palavras:
"Meu nome é Ozymandias, rei dos reis:
Contemplai as minhas obras, ó poderosos e desesperai-vos!"
Nada mais resta: em redor a decadência
Daquele destroço colossal, sem limite e vazio
As areias solitárias e planas se espalham para longe.
Notas
[editar]- ↑ Em Shelley e seus escritos (Vol. II, p. 71) do sr. Middleton, somos informados que Shelley, Keats e Leight Hunt "tentaram se destacar ao escrever um soneto sobre o Nilo". Ele ainda acrescenta que 'Ozymandias' de Shelley "foi um deles". Ele não fornece uma confirmação para esta última afirmação; e presumo que isto decorra do fato de que Lorde Houghton, em "Vida, Cartas e Lembranças Literárias de John Keats", acrescenta o soneto "Ozymandias", juntamente com os sonetos de Keats e Hunt, à carta em que Keats narra o conflito amigável. Lorde Houghton (Vol. 1, p. 99) apenas introduz os três sonetos com estas palavras: "Estes são os três sonetos sobre o Nilo aqui mencionados, e são muito característicos". Em todo o caso, deve-se observar que este não é um soneto sobre o Nilo e que, entre os manuscritos de Leigh Hunt colocados à minha disposição pelo Sr. Townshend Mayer, há um soneto na caligrafia de Shelley endereçado "Ao Nilo" - que aparecerá devidamente nesta edição de suas obras.