Página:Émile Faguet - L'Art de lire.djvu/172

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e mais, nós devemos reler, muito lentamente, tudo o que nós escrevemos. É um trabalho muito sério, muito profundo e no qual não há nenhum prazer, a não ser aquele de se sentir mais instruído um momento após o outro.

É para julgar as obras, ou em outros termos, é para ler como crítico? Da mesma forma, será necessário ler muito lentamente, tomando notas e mesmo fazendo isso sobre fichas. Fichas relativas à invenção, às novas ideias; fichas relativas à disposição, ao plano, à maneira que o autor conduz suas ideias ou conduz a sua narrativa, ou mistura suas ideias com a narrativa; fichas sobre o estilo, sobre a língua; fichas de discussão, enfim, quer dizer sobre as ideias do autor comparadas com as suas, sobre o gosto dele comparado com o seu, sobre suas ideias ainda e seu gosto comparados ao de nossa geração ou ao da geração à qual ele pertencia, etc. De todas essas fichas, você forma a ideia geral que você tem do autor e as ideias particulares que tem sobre ele e você só tem que ligar logicamente ou de forma realista essas ideias particulares àquela ideia geral para fazer, se não um bom artigo, ao menos um artigo que se sustente.

Somente você terá ensinado a seu leitor a ler como um crítico, e não a ler para desfrutar de sua leitura, e pouco falta para que a palavra de Sainte-Beuve não seja falsa: o crítico não sabe ler para seu prazer e não ensina aos outros a ler para o deles. Ele ensina ao leitor a ler como crítico. E ler