Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/156

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pediam machados e ferros do monte. A Senhorinha, muito esganiçada, expectorava agudos ais na cozinha; não acertava a enfiar o saiote pelo direito. Os cães de Castro Laboreiro, muito ferozes, arremetiam às portas com a dentuça refilada. Porcos grunhiam dando bufidos espavoridos. A moça dos recados chamava a sua Mãe Santíssima e a alma da tia Jacinta do Reimundles, que estava inteira na igreja. Dois criados da lavoura, estranhos ao segredo do real hóspede, como estavam recrutados, cuidaram que a tropa os vinha prender; enterraram-se nos fenos do palheiro, prometendo esmolas de quartinho ao Bom Jesus do Monte e ao mártile São Trocatles, se os livrassem daquela. Entretanto, o outro, de chinelos de tapete, guiado pela mão do abade até à cozinha, passou daqui para a adega, que a criada abriu com muita subtileza. Havia lá dentro um recanto encoberto por duas pipas vazias, postas ao alto; pela convexidade das aduelas e entre as pipas e a parede, abria-se um vácuo onde cabia à vontade um homem. O abade muito aflito:

— Suba depressa Vossa Majestade que eu ajudo por