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a carne

Barbosa puxou Lenita para si, quiz beijal-a na bocca, não teve animo, beijou-a ainda na testa.

Lenita abandonava-se, entregava-se, mollemente, sem resistencia.

No corredor tudo eram trevas: Barbosa não via a chamma negra da volupia que torvelinhava nos olhos da moça; não lhe via a pallidez das faces, o rubor dos labios, a arfarem tumidos, mendigando beijos; não lhe via o quebramento langue de pescoço.

A resolução tomada fraqueou, cedeu: sentiu-se Barbosa sem coragem, sem desejos, sem virilidade mesmo. Batia-lhe o coração a estos desordenados, como o de um seminarista que pela vez primeira se acha a sós com uma mulher da vida.

De repente, afastou Lenita de si com gesto brusco, fugiu desatinado.