Uma noite ouviram-na chorar muito de mansinho; chorava como cantava. Tudo era doce e brando naquela creaturinha. Nessa doce figura angelica de santa, tudo era brando e suave.
As doentes sobresaltaram-se. Não era costume.
Porque chorava a Cotovia?
Uma onda do tristeza carregou mais aquela atmosfera feita de suspiros e dores.
— Mau presagio — diziam elas — se alguma de nós vae morrer!
E eram suspiros abafados, lagrimas silenciosas enxngadas nas dobras dos lençoes, saudades que atravessavam os corações na triste visão das despedidas eternas... todo um drama de máguas desconhecidas, desenrolando-se na pungente desolação do abandono!
E nenhuma ousava interromper aquele choro, a não ser com algum ai de dôr, ou algum gemido mal sufocado.
Mas como se adivinhasse o mal que involuntariamente causava, a pobre Cotovia deixou de chorar e d'ahi a ponco a sua vozinha debil entoava novamente a toada predilecta, uma melopeia embaladora, como se adormecesse uma creança, que ha muito deveria ter existido, quero sabe? morta já, ou encanecida tambem!...