Era noite de recepção e a Pedrosa embarafustou pelo quarto da filha.
– Estás pronta?
– Sim, mamãe.
– Que! de azul?! Não! muda de vestido. Branco, branco! Trouxe-te os meus brincos de pérolas. Toda de branco, só com estas duas pérolas nas orelhas, ficarás melhor. Como uma noiva...
O olhar da mãe acariciava a filha, que sorriu com tristeza.
A Pedrosa tornou a sair, recomendando pressa; ela ia para a sala esperar os amigos; antes de abrir a porta, puxou a filha a si e beijou-a com ternura.
A moça começou passivamente a desenlaçar o seu vestido azul, pensando no ar misterioso com que a mãe a atraíra naquele beijo.
Sem poder obedecer às ordens maternas, que lhe haviam imposto pressa, ela, mal enfiou o seu vestido branco, deixou-se cair sentada na beira do leito e ali ficou um largo espaço de tempo, com os olhos fixos no vácuo e os dedos embaraçados nas fitas desatadas do cinto.
Tinha pensado muito desde aquele passeio ao Corcovado e começava a compreender o seu papel... A mãe oferecia-a ao Argemiro... era por causa dele que lhe pusera nas orelhas aquelas pérolas, que pareciam queimá-la... Por quê? Porque ele era rico e ocupava na