Assim, o maior rio da Europa — o Volga, na Rússia, é um
pequeno rio comparado ao Amazonas; e o decantado —
Tamisa —, que banha Londres, com um curso de 365 kilometros,
ou o — Sena, que corta Paris, percorrendo 776 kilometros,
são pequenos regatos deante dos principaes affluentes
do Rio-Mar!
Falando destes, não podemos calar o bello espectáculo que nos proporciona a entrada do rio Negro no Amazonas.
Alguns kilometros antes da bocca do rio Negro, deparam-se sobre as aguas barrentas do Amazonas singulares manchas escuras, até que, ao avistar-se a foz do primeiro, divisa-se em toda a extensão descortinada no segundo, uma verdadeira faixa negra, assignalando precisamente a entrada do magestoso affluente.
Não conhecemos uma explicação positiva para a côr escura dessa agua, que, aliás, apanhada em pequena porção mostra-se clara, transparente.
Não é tambem escuro o leito por onde corre esse rio.
Attribuem uns a côr negra da massa da agua a «bitumes que o rio encontra nos grandes e multiplicados rochedos por onde passa em quasi todo seu curso», e outros a «arvores que elle inunda, por ser todo cheio de ilhas alagadiças».
Vem a proposito uma bella producção do mavioso poeta Paulino de Brito:
O RIO NEGRO
Na terra em que eu nasci deslisa um rio
ingente, caudaloso,
porém triste e sombrio; como noite sem astros, tenebroso; qual negra serpe, somnolento e frio; parece um mar de tinta, escuro e feio; nunca um raio de sol victorioso
penetrou-lhe no seio;