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Página:A Reforma da Natureza (12ª edição).pdf/30

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Nisto o cuco lá da sala de jantar começou a dizer as horas — hu-hu, hu-hu...

Emília contou dez.

— Dez horas já! Como é tarde... Por isso é que estou sentindo tanto sono. Está aí uma coisa, Rã, que podemos reformar: o sono — ah, ah, ah... e bocejou.

— Como? — quis saber a Rã.

— Podemos, por exemplo... — começou Emília, mas abriu a boca, soltou mais três "ahs" e foi fechando os olhinhos — e o sono das criaturas humanas escapou da reforma.

Emília dormiu — e que lindo soninho! Como ela sabia dormir bem! A Rã reclinou-se na cama; com a cabeça apoiada numa das mãos e o cotovelo fincado no travesseiro, ficou a contemplá-la e a imaginar mil coisas. "Que pena as crianças do mundo não poderem ver o que estou vendo!", pôs-se a pensar lá consigo. "Emília dorme como um anjo. E quem sabe se Emília não é de fato um anjo do céu que anda pelo mundo disfarçado em gentinha?", e examinou-lhe as costas para ver se não havia algum sinal de toco de asa. Havia, sim, duas leves saliências com muito jeito de serem tocos de asas — e a Rã ficou na dúvida. Seria realmente um anjo disfarçado em gentinha?

A Rã adorava a Emília. Sabia de cor todas as travessuras da Emília, todas as "piadas" da Emília, todas as asneirinhas da Emília, todas as más-criações da Emília, e agora se considerava a menina mais feliz do mundo, porque entre todas as meninas do mundo só ela