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A REFORMA DA NATUREZA
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estava tendo o privilégio de ver a maravilha das maravilhas que era o soninho da Emília.

— Ah, quando as outras souberem! Quando souberem que eu estive aqui, falando com ELA, brincando com ELA, deitada na caminha DELA, vendo-a dormir e sorrir...

Algum sonho lindo devia andar reinando na cabeça da Emília, a avaliar pelo sorriso de enlevo que animava o seu rostinho moreno — moreno-claro. "Nem isso as outras meninas sabem" — pensou consigo a Rã, "que a Emília é moreninha cor de jambo. Nem sabem que tem cabelos castanhos — castanho-escuro", e aproveitou-se da ocasião para arrancar um daqueles fios, o que fez Emília trocar o sorriso do sonho por uma caretinha. A Rã enrolou o fio de cabelo, murmurando mentalmente: "Vou guardá-lo no meu exemplar das REINAÇÕES. Fica sendo o meu marcador de página".

Longo tempo ficou a Rã a admirar aquela prodigiosa criaturinha que nasceu boneca de pano das mais ordinárias e foi evoluindo até tornar-se o que já era. E um pensamento lhe acudiu: "E se ela continua a evoluir e vira anjo de verdade, dos de asas, e foge para o céu? Ou se vira fada, como aquela fada Sininho do Peter Pan?" E a imaginação da Rã começou a cabriolar que nem cabritinho novo até que o primeiro "ah, ah, ah!" do sono veio, e depois veio um segundo — e afinal dormiu também.



CAPÍTULO VIII

NO DIA SEGUINTE



NO DIA SEGUINTE pularam da cama muito cedo e retomaram a obra da reforma da Natureza. Tudo era examinado e reformado no que lhes parecia torto. A Rãzinha continuava com as idéias mais absurdas, de verdadeira maluca. A reforma do Quindim, por exemplo, que a Rã fez sozinha, era a coisa mais esquisita que se possa imaginar. Em vez do famoso chifre sobre o nariz, que é característico de todos os rinocerontes, a Rã botou uma flecha de Cupido com um coração assado na ponta. Assado, imaginem! E ornamentou os cascos de Quindim com pinturas: Branca de Neve com todos os seus anões. E trocou as quatro pernas do rinoceronte