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Página:A Reforma da Natureza (12ª edição).pdf/42

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— Vovó, imagine o que aconteceu! O Rabicó entrou na sua biblioteca e devorou a Iliada de Homero e as obras completas de Shakespeare...

— Se não tivessem tirado do focinho dele a ratoeira, nada teria acontecido — disse a Rã. — Bem feito!

— Vê, Emília? — disse Dona Benta. — Nem todos os livros devem ser comestíveis, mas só os de importância secundária, meramente recreativos, ou então os livros ruins. Um livro que não presta para ser lido, ao menos que preste para ser comido. E agora? Como vou passar sem a minha Ilíada e o meu Shakespeare?

Emília concordou que realmente nem todos os livros deviam ser comestíveis e, indo à biblioteca, "descomestibilizou" a maior parte — menos os "ruins".

E assim terminou a aventura emiliana da Reforma da Natureza. Emília aprendeu a planejar a fundo qualquer mudança nas coisas, por menor que fosse. Viu que isso de reformar às tontas, como fazem certos governos, acaba sempre produzindo mais males do que bens.

A Rãzinha ficou ainda por lá uma semana, a ouvir as histórias que Dona Benta contava da Conferência da Paz. Depois, com muita dor de coração e com muito pesar de todos do Sítio, cheirou o pó de fiun — e lá se foi para o Rio de Janeiro, onde encontrou sua pobre mãe de luto e de olhos vermelhos, certa de que sua querida filha tinha desaparecido para sempre.