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A REFORMA DA NATUREZA
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— Perdoe, mamãe. Entusiasmei-me demais com o programa de reformas da Emília e fui para o Picapau Amarelo sem dizer nada à senhora. Nunca mais farei isso. Já me reformei nesse ponto.

E que mais?

Ah! Tia Nastácia gostou muito do leite que assobiava ao ferver e conservou o sistema.

— Era uma consumição esse negócio do leite — disse ela. — Eu tinha de ficar de plantão ali na cozinha, senão ele fervia e derramava. Agora, não. Ponho o leite no fogo e nem penso mais nisso. Uma gostosura. A Emília é mesmo uma danadinha. Outra coisa de que gostei muito foi o que ela fez com as pulgas. Entrei no meu quarto, vi uns pontinhos pretos parados no ar. Peguei um. Olhei. Era pulga, Sinhá, pulga parada no ar — e pulga mole, Sinhá, mole como qualquer bichinho mole! Essa reforma foi boa, porque, quanto mais velha fico, mais me custa pegar uma pulga daquelas do sistema antigo...

Dona Benta aprovou a mudança das pulgas e também a das moscas e pernilongos. E com a sua grande sabedoria de filósofa, disse:

— Está bem, Emília. Vou examinar detidamente todas as reformas que você fez, porque estou vendo que há muita coisa aproveitável.

Emília piscou vitoriosamente para o Visconde.