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MONTEIRO LOBATO

— Vi, Dona Benta, uma formiga do tamanho dum tatu! Não "sirria", não, Dona Benta. Minha mulher também "sirriu" quando eu contei a história, mas pra castigo também topou com outra formiga daquela casta, e agora está que nem pode mais de medo, a coitada. Até já se mudou com as crianças para a casa do compadre Zidoro, lá na Água Fria.

— Não pode ser, Candorra! — disse Dona Benta. — As formigas são animaizinhos velhíssimos, de milhões de anos, e não consta que até agora aparecesse nenhuma maior que o içá. Nem na África, que é a terra dos bichos grandes, há formigas do tamanho de tatus.

— Pois a que eu vi, Dona Benta, era "inté" maior que um tatu — e a que minha mulher viu, diz ela, tinha o porte de uma capivara.

Dona Benta riu-se.

— Vocês estão sendo vítimas de alguma alucinação, meu caro. Como pode ver coisas que não existem, nem nunca existiram? Absurdo.

— Dona Benta, — disse o caboclo, — eu não quero que a senhora acredite em nada, só quero que compre minhas terras, porque por aqui não fico nem mais um dia só. T'esconjuro!

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