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Página:A Reforma da Natureza (12ª edição).pdf/66

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MONTEIRO LOBATO

Pensa que pensa, quem teve a boa idéia foi de novo Pedrinho.

— Só a laço — disse ele. — Fazemos uma comprida corda de cipó trançado e puxamo-la para dentro do canudo.

O Dr. Zamenhof deu ordem para que experimentassem a idéia. Em poucos minutos estava feita uma grossíssima corda dos melhores cipós da mata. Depois enfiaram-na pelo canudo. Restava agora o mais difícil: correr a laçada pa cabeça do monstro.

Foi operação dificil e demorada, mas que se realizou da melhor maneira. A insistente "paradura" do monstro muito facilitou o trabalho. Pronto! Era só puxá-lo agora.

Mas os seis auxiliares do Dr. Zamenhof, por mais força que fizessem, não conseguiram mover do lugar a Noventaequatropeia. Bicho que tem noventa e quatro pés agarra-se ao chão como cola-tudo.

— E agora? — exclamou o Dr. Zamenhof, já meio desanimado.

— Só com o Quindim — lembrou Emília.

Mas o sábio, que nunca ouvira falar em Quindim, ficou na mesma.

— Que história é essa? — perguntou.

Emília riu-se.

— Em vez de explicar — disse ela — o melhor é mostrar. Suspenda o serviço que eu já volto — e tocou para casa correndo.

Os homens ficaram à espera, com caras bobas a olharem-se entre si e depois para o Dr. Zamenhof, o qual só respondia fazendo beiço, como quem diz: "Não entendo nada de nada destas coisas por aqui."

Minutos depois, um grito soou.

— Socorro! Um novo monstro vem vindo! — berrava um dos auxiliares do Dr. Zamenhof, que se havia distanciado dos companheiros.

O pobre homem vinha na volada.

— Um monstro com aparência de rinoceronte de Uganda! — disse ele assustadíssimo ao chegar. — Preparem as armas!

Todos correram às carabinas e puseram-se de joelhos, à espera.

Mas Pedrinho interveio.

— Nada de tiros! Trata-se do nosso rinoceronte, que é mansíssimo e muito camarada. Justamente o tal Quindim de que a Emília falou.

O Dr. Zamenhof enxugava o suor do rosto. Que terra esquisita,