mesa da Pomba, remexia uma sombria sôpa de grão e nabo — quando um cavalheiro, de collete de velludo negro, veio occupar o talher fronteiro, junto d’uma garrafa d’agua de Vidago, d’uma caixa de pilulas e d’um numero da Nação. Na sua testa, immensa e arqueada como um frontão de capella, torciam-se duas veias grossas: e sob as ventas largas, ennegrecidas de rapé, o bigode era um tufo curto de pêllos grisalhos, duros como cêrdas d’escova. O gallego, ao servir-lhe o nabo e grão, rosnou com estima: «Ora seja bem apparecidinho o snr. Lino!»
Ao cozido este cavalheiro, abandonando a Nação onde percorrêra miudamente os annuncios, pousou em mim os olhos amarellentos de bilis e baços, e observou que estavamos gozando desde os Reis um tempinho d’appetite...
— De rosas, murmurei com reserva.
O snr. Lino entalou mais o guardanapo para dentro do collarinho lasso:
— E v. s.^a, se não é curiosidade, vem das provincias do Norte?
Passei vagarosamente a mão pelos cabellos:
— Não, senhor... Venho de Jerusalem!
D’assombrado o snr. Lino perdeu a garfada