Página:A cidade e as serras (1912).djvu/156

Wikisource, a biblioteca livre
A CIDADE E AS SERRAS

de Malbe... Enfim colossal, e estupendamente instrutivo!

Acenámos um longo adeus àquele alegre Marizac. E recolhemos sem que Jacinto emergisse do silêncio enrugado em que se abismara, com os braços rigidamente cruzados, como remoendo pensamentos decisivos e fortes. Depois, em frente ao Arco do Triunfo, moveu a cabeça, murmurou:

— É muito grave, deixar a Europa!


Enfim, partimos! Sob a doçura do crepúsculo que se enublara, deixámos o 202. O Grilo e o Anatole seguiam num fiacre atulhado de livros, de estojos, de paletós, de impermeáveis, de travesseiras, de águas minerais, de sacos de couro, de rolos de mantas; e mais atrás um ónibus rangia sob a carga de vinte e três malas. Na Estação, Jacinto ainda comprou todos os Jornais, todas as Ilustrações, Horários, mais livros, e um saca-rolhas de forma complicada e hostil. Guiados pelo Chefe do Tráfico, pelo Secretário da Companhia, ocupámos copiosamente o nosso salão. Eu pus o meu boné de seda, calcei as minhas chinelas. Um silvo varou a noite. Paris lampejou, fulgiu num derradeiro clarão de janelas... Para o sorver, Jacinto ainda se arremessou à portinhola. Mas rolávamos já na treva da Província. O meu Príncipe então recaiu nas almofadas:

— Que aventura, Zé Fernandes!

Até Chartres, em silêncio, folheámos as Ilustrações. Em Orleães, o guarda veio arranjar respeitosamente as nossas camas. Derreado com aqueles catorze meses de Civilização, adormeci

148