à varanda, com uma ligeireza curiosa que me deleitou. Ah, bem definitivamente se esfrangalhara aquela rede de malha que se não percebia e que outrora o travava! — Nesse momento apareceu o Grilo, de quinzena de linho, segurando em cada mão uma garrafa de vinho branco. Todo se alegrou «em ver na quinta o siô Fernandes». Mas a sua veneranda face já não resplandecia, como em Paris, com um tão sereno e ditoso brilho de ébano. Até me pareceu que corcovava... Quando o interroguei sobre aquela mudança, estendeu duvidosamente o beiço grosso:
— O menino gosta, eu então também gosto... Que o ar aqui é muito bom, siô Fernandes, o ar é muito bom!
Depois, mais baixo, envolvendo num gesto desolado a louça de Barcelos, as facas de cabo de osso, as prateleiras de pinho como num refeitório de Franciscanos:
— Mas muita magreza, siô Fernandes, muita magreza!
Jacinto voltava com um maço de jornais cintados:
— Era o carteiro. Já vês que não amuei inteiramente com a Civilização. Eis a imprensa!... Mas nada de Fígaro, ou da horrenda Dois-Mundos! Jornais de Agricultura! Para aprender como se produzem as risonhas messes, e sob que signo se casa a vinha ao olmo, e que cuidados necessita a abelha provida... Quid faciat laetas segetes... De resto para esta nobre educação, já me bastavam as Geórgicas, que tu ignoras!
Eu ri: