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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/211

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silencioso, mas vendo que a colera e imprudencia de Alvaro ia excedendo os limites, julgou de seo dever intervir na questão, e approximando-se de Alvaro, e punchado-lhe o braço:

— Que fazes, Alvaro? — disse-lhe em voz baixa, — Não vês que com esses arrebatamentos não consegues senão comprometter-te, e aggravar a sorte de Isaura? mais prudencia, meo amigo.

— Mas... que devo eu fazer?... não me dirás?

— Entregal-a.

— Isso nunca!... — replicou Alvaro terminantemente.

Conservárão-se todos silenciosos por alguns momentos. Alvaro parecia reflectir.

— Occorre-me um expediente, — disse elle ao ouvido de Geraldo, — vou tental-o.

E sem esperar resposta approximou-se de Martinho.

— Senhor Martinho, — disse-lhe elle, — desejo dizer-lhe duas palavras em particular, com permissão aqui do doutor.

— Estou ás suas ordens, — replicou Martinho.

— Estou persuadido, senhor Martinho, — disse-lhe Alvaro em voz baixa, tomando-o de parte, — que a gratificação de cinco contos é o motivo principal que o leva a proceder desta maneira contra uma infeliz mulher, que nunca o offendeo. Está em seo direito, eu reconheço, e a somma não é para desprezar. Mas se quizer desistir