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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/212

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completamente desse negocio, e deixar em paz essa escrava, dou-lhe o dobro dessa quantia.

— O dobro!... dez contos de réis! exclamou Martinho arregalando os olhos.

— Justamente; dez contos de réis de hoje mesmo.

— Mas, senhor Alvaro, já empenhei minha palavra para com o senhor da escrava, dei passos para esse fim, e...

— Que importa!... diga que ella evadio-se de novo, ou dê outra qualquer desculpa...

— Como, se é tão publico que ella se acha em poder de Vª. Sª.?...

— Ora!... isso é sua vontade, senhor Martinho; pois um homem vivo e atilado como o senhor embaraça-se com tão pouca cousa!...

— Vá feito, — disse Martinho depois de reflectir um instante. — Já que Vª. Sª. tanto se interessa por essa escrava, não quero mais affligil-o com semelhante negocio, que a dizer-lhe a verdade bem me repugna. Acceito a proposta.

— Obrigado; é um importante serviço que vae me prestar.

— Mas que volta darei eu ao negocio para sahir-me bem delle.

— Veja lá; sua imaginação é fertil em recursos, e ha-de inspirar-lhe algum meio de safar-se de difficuldades com a maior limpeza.