Página:A escrava Isaura (1875).djvu/224

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proferir as ultimas palavras, enlaçando o braço em torno ao collo de Isaura a cingia brandamente contra o coração.

Estavão ambos enlevados na doçura deste primeiro amplexo de amor, quando o ruido de um carro, que parou á porta do jardim, e logo após um forte e estrondoso — ó de casa! — os fizérão separar-se.

No mesmo momento entrava na sala o boleeiro de Alvaro, e annunciava-lhe que novas pessoas o procuravão.

— Oh, meo Deos!... que será isto hoje!... serão ainda os malditos esbirros?... — refletio Alvaro, e depois dirigindo-se a Isaura:

— E’ prudente que te retires, minha amiga, — disse-lhe; ninguem sabe o que será e não convém que te vejão.

— Ah! que eu não sirva senão para perturbar-lhe o socego! — murmurou Isaura retirando-se.

Um momento depois Alvaro vio entrar na sala um elegante e bello mancebo, trajado com todo o primor, e affectando as mais polidas e aristocraticas maneiras; mas apezar de sua belleza, tinha elle na physionomia, como Luzbel, um não sei quê de torvo e sinistro, e um olhar sombrio, que incutia pavor e repulsão.

— Este por certo não é um esbirro, — pensou Alvaro, e indicando uma cadeira ao recemchegado: — Queira sentar-se, — disse-lhe, — e tenha a