Saltar para o conteúdo

Página:A escrava Isaura (1875).djvu/232

Wikisource, a biblioteca livre

222

Estava pois Alvaro em presença de Leoncio como o condenado em presença do algôz. A mão da fatalidade o socalcava com todo o seo peso esmagador, sem lhe deixar livre o minimo movimento.

Vinha Leoncio ardendo em furias de raiva e de ciume, e prevalecendo-se de sua vantajosa posição, aproveitou a occasião para vingar-se de seo rival, não com a nobreza de cavalheiro, mas procurando humilhal-o á força de improperios.

— Sei que ha muito tempo, — disse Leoncio, continuando o dialogo que deixámos interrompido no capitulo antecedente, — Vª. Sª. retem essa escrava em seo poder contra toda a justiça, illudindo as autoridades com falsas allegações, que nunca poderá provar. Porém agora venho eu mesmo reclamal-a e burlar os seos planos, e artificios.

— Artificios não, senhor. Protegi e protejo francamente uma escrava contra as violencias de um senhor, que quer tornar-se seo algôz; eis ahi tudo.

— Ah!... agora é que sei que qualquer ahi pode subtrahir um escravo ao dominio de seo senhor a pretexto de protegel-o, e que cada qual tem o direito de velar sobre o modo por que são tratados os escravos alheios.

— Vª. Sª. está de disposição a escarnecer, e eu