Página:A escrava Isaura (1875).djvu/91

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— Tambem tu, André, vens por tua vez aproveitar-te da occasião para me atirar lama na cara?...

— Não, não, Isaura; Deos me livre de te offender; pelo contrario, dóe-me deveras dentro do coração ver aqui misturada com esta corja de negras beiçudas e catinguentas uma rapariga como tu, que só merece pisar em tapetes e deitar em colchões de damasco. Este senhor Leoncio tem mesmo um coração de fera.

— E que te importa isso? eu estou bem satisfeita aqui.

— Qual!... não acredito; não é aqui teo lugar. Mas tambem por outra banda estimo bem isso.

— Por que?

— Por que, emfim, Isaura, a fallar-te a verdade gosto muito de você, e aqui ao menos podemos conversar mais em liberdade...

— Devéras!... declaro-te desde já, que não estou disposta a ouvir tuas liberdades.

— Ah! é assim! — exclamou André todo enfunado com este brusco desengano. — Então a senhora quer só ouvir as finezas dos moços bonitos lá na sala!... pois olha, minha camarada, isso nem sempre pode ser, e cá da nossa laia não és capaz de encontrar rapaz de melhor figura, do que este seo criado. Ando sempre engravatado, enluvado, calçado, engomado,