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A ESCRAVIDÃO

     Oh! apologistas da escravidão dos negros! imaginai-vos por um instante nas galés, e que ahi estejais injustamente; imaginai, depois, que vossa fortuna me foi dada; — ¿que pensarieis de mim si eu arvorasse em um principio que devieis permanecer sempre presos ,apezar de innocentes, só porque não seria possivel soltar-vos sem arruinar-me? — No emtanto, é esse o bello raciocinio com que, em vossas memorias clandestinas, combateis as bemfasejas intenções dos reis e dos ministros, e conseguis, nos paizes cuja imprensa não é livre, prohibições de combatter vossos principios criminosos. N'isto, ao menos, vos fazeis justiça a vós proprios.



     Foi principalmente para esses paizes, onde a verdade não é livre, que escrevi esta obra; e a escrevi em lingua que me é estranha, mas que, graças ás obras dos poetas e philosophos francezes, tornou-se a língua européa. A protecção concedida á cobiça contra os negros, que na Inglaterra e na Hollanda é simplesmente o effeito da corrupção geral d'essas nações, só tem por causa, na Hespanha e na França, os preconceitos publicos e a sorpreza feita aos governos, illudidos egualmente sobre a necessidade da escra-