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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/12

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força de remo nem de velas que possa lá fazer aproar um barco. Quando se vai chegando perto, avista-se uma moça muito bonita, vestida de branco, e cantando cantigas, as mais lindas, que se pode imaginar; mas é escusado querer lá chegar; a ilha vai fugindo, fugindo sempre. Meu pai não saberá me dizer o que vem a ser a tal ilha…?

— Eu, meu filho…? Talvez — respondeu o velho hesitando —, mas para que queres tu saber…?

— Não sei, meu pai… mas tenho tanta vontade de saber…! Aquela ilha não me sai do pensamento.

Era isto em tempos que já vão longe, em uma bronca e quase deserta enseada dos mares do sul, não longe da famosa e pitoresca baía de Santos, na província de São Paulo. Os dois interlocutores se achavam junto a uma tosca choupana de pescador. O sol já ia se escondendo por trás desse imenso e alteroso cordão de montanhas, chamado serra do mar; a sombra que delas descia projetava-se já por toda a extensão das praias, ao longo das quais o mar se estirava preguiçoso, desmanchando-se em alvos flocos de espuma, enquanto os derradeiros raios do sol, que transmontava, resvalando por uma dos topes alcantilados da serrania, iam espanejar-se ao longe pelo oceano,