Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/195

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e procurando pôr em dúvida a triste nova que acabava de dar ao mancebo. De momento a momento ia crescendo a afeição e interesse que tomava por ele, e a consternação e dor que manifestava pela perda dos irmãos, sumamente a inquietava e afligia. Tratou, pois, de afastar essa ideia tão cruel e pungente para ambos. — Não sei, mas é difícil escaparem aqueles que têm a audácia de se avizinharem dos terríveis cachopos que cercam esta ilha. Eu os vi do alto da penedia lutando temerariamente com as ondas, não sei com que louco intento, mas não sei que soçobrassem e perecessem. Gritei-lhes e acenei-lhes, como há pouco vos fiz, ensinando-lhes o caminho que deviam seguir para se recolherem a esta ilha, mas parece que não me compreenderam. Perdi-os de vista e não sei que rumo tomaram. É natural que se fizessem ao largo e procurassem a costa, onde de certo se terão salvado.

— Mas — interrogou Ricardo com certo tom de desconfiança — a senhora não odiava meus irmãos?

— Eu odiá-los?! E por que, meu Deus…?! Somente não os amava por que não devia, nem queria amar a ninguém, nem ser amada. Eu tinha um horror instintivo, uma repugnância invencível a isso que se chama amor. Era essa repugnância que eu sempre senti antes de…