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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/252

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amar…! Mas não, juro ainda uma vez, não há de ser assim. Ainda aqui está o punhal, que me caiu das mãos… Volta, volta, Ricardo, quero cravá-lo em teu peito! Sim, hei de matar-te ou morrer em teus braços.

Assim, gritando desgrenhada e arquejante, corria para o lado da praia, aonde chegou ofegando de aflição e cansaço. Dirias o fantasma de um precito, perseguido pelas fúrias infernais, correndo e ululando através das brenhas. A noite vinha caindo, a praia estava erma; lançando os olhos para a entrada do golfo, Regina avistou ainda o barco de Ricardo, que já ia desaparecendo por entre os altos penedos do canal.

— Volta, Ricardo, volta! — gritou com toda a força que pôde. Nenhuma resposta, nem o mais leve sinal mostrou que fora ouvida. Em poucos instantes o batel de Ricardo, transpondo os rochedos, tinha desaparecido.

Alquebrada pelo embate de tão violentas emoções, Regina prostrou-se meio desfalecida sobre a areia da praia, e ali passou as largas horas dessa noite de horror e angústia. Não é possível descrever as horríveis tribulações que tumultuavam aquele coração lacerado pela angústia. Na incerteza de ter sido ouvida pelo amante, quando da praia lhe bradava que voltasse, seu espírito se estorcia nas ânsias de uma dúvida cruel,