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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/57

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receio e vagas apreensões, todos ansiavam por vê-la e, por mais que ela se esquivasse, procuravam todos os meios de encontrá-la, e uma vez postos os olhos naquela prodigiosa formosura, que deslumbrava como um sol e fascinava como serpente, lá se lhes ia a razão e a liberdade.

Quase todos os mancebos, os mais gentis e bem dispostos que por aquele tempo aqui existiam, caíram loucos de amor aos pés da peregrina e funesta beldade. Ela, porém, os repelia a todos ora com um gesto frio e desdenhoso, ora com motejos e sarcasmos, e sempre com o mais terminante inexorável desengano. Da chusma de seus adoradores, quase todos tiveram o mais lastimoso e miserando fim. Uns ficaram doidos varridos; alguns mais pacientes e resignados, procurando na ausência remédio a seus males, fugiram para bem longe e nunca mais apareceram; outros, sucumbindo aos pesares, se extinguiram lentamente nas garras do desalento e da melancolia. Não poucos se despedaçaram nas pontas dos rochedos, ou apagaram para sempre no seio das ondas o fogo que lhes devorava o coração.

E apesar de tantas catástrofes, que sem interrupção se sucediam umas às outras, a turba dos amantes não cessava de adejar em derredor da fatídica beleza, como um bando de mariposas doidejando