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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/72

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O vento brincava-lhe com os cabelos soltos, que refulgiam aos raios do sol poente, como serpentes de matizes cambiantes. Reclinada à popa, arrimava o braço nu e perfeitamente modelado à borda do barquinho, tendo a face encostada a uma das mãos, cujos dedos se embebiam como um pente de marfim entre os anéis escuros da opulenta madeixa, enquanto com a outra manejava o leme com admirável destreza e segurança. Os róseos reflexos do ocidente davam-lhe ao rosto, ao colo e aos braços descobertos uma transparência e matiz ideal. Se a vissem os gregos de outras eras, jurariam ter visto Anfitrite percorrendo os domínios de Netuno em sua concha de ouro e nácar arrastada por delfins.

Rodrigo, que escondido em distância tinha seu barco amarrado em um recesso da praia, e a contemplava, ou antes a devorava com a vista ansiosa, não pôde conter-se; soltou também o seu barco, e à força de remo e velas em breve se pôs no esteiro da gentil barqueira, que se atirava doidamente através das vagas encrespadas. A viração fresca que soprara de terra a impelia rapidamente para o largo, e as vagas, retouçando marulhosas em volta do pequeno batel, o cingiam de um velo de espumas, no meio das quais apenas se via o busto admirável de