Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/86

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singrava rapidamente com direção à costa; o coração pulou-lhe sobressaltado. Daquele lado e a tais horas qual outro batel poderia partir senão o de Regina…? Cravou nele os olhos e esperou longo tempo; antes, porém, que pudesse reconhecê-lo, Rodrigo ouviu distintamente com surpresa e assombro uma argentina e sonorosa voz de mulher, que entoava ainda aquele estribilho fatídico tão odioso a seus ouvidos:

Mancebo, vai noutra parte
Teus amores suspirar.

Já não podia haver dúvida; era Regina; era a inconcebível fada dos mares que lá vinha viva e ilesa em seu barquinho aventureiro.

Rodrigo, que então formara o propósito inabalável de disputá-la viva ou morta ao oceano, ou para sempre submergir-se com ela nessas ondas malditas, onde a julgava sepultada, sentiu ao avistá-la súbita alegria alvoroçar-lhe o coração; mas foi apenas um lampejo fugaz como o relâmpago, que alumia as trevas para torná-las de chofre mais medonhas e profundas. Nas melodiosas notas da canção fatídica chegavam-lhe aos ouvidos os ecos lúgubres de sua condenação.

— E portanto ela vive! — murmurou soluçando o desventurado mancebo. — E com ela