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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

— De repente, com um aneurisma, a ler o Noticias!... Pois ainda ha tres dias a Maricas e eu jantamos na Feitosa. Até eu toquei a duas mãos, com a D. Anna, o quarteto do Rigoleto. E elle bem, conversando, tomando a sua aguardentesinha de canna...

Gonçalo esboçou um gesto de piedade e tristeza:

— Coitado... Tambem ha semanas o encontrei na Bica-Santa. Bom homem, bem educado... E ahi temos agora a bella D. Anna vaga.

— E o circulo!

— Oh, o circulo! murmurou o Fidalgo da Torre com risonho desdem. A mim antes me convinha a viuva. É Venus com duzentos contos! Infelizmente tem uma voz medonha...

O primo Mendonça accudiu, com interesse, uma convicção dedicada:

— Não! não! na intimidade, perde aquelle tom empapado... Não imaginas! até um timbre natural, agradavel... E depois, menino, que corpo! que pelle!

— Deve ficar explendida agora com o luto! concluiu Gonçalo. Bem, adeusinho! Apparece nos Cunhaes... Eu corro ao Cavalleiro para que Sua Exc. ame salve com o seu braço forte!

Sacudiu a mão do Mendonça, galgou a escadaria de pedra.

Mas o capitão, que mettera para a travessa de S. Domingos, desconfiou d’aquella historia d’ameaças,