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Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/292

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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

aclarava, remoçava a sua graça quasi virginal. E nunca realmente tanto prendera, assim clara e fina, com os verdes olhos refulgindo como esmeraldas lavadas, uma ondulação mais lustrosa nos pesados cabellos, um macio rubor transparente, todo um fresco brilho de flôr regada, de flôr revivida, apesar do acanhamento que lhe immobilisava os dedos ao erguer a colhér de prata dourada. E ao lado, superiormente robusto e largo, com o peitilho arqueado como uma couraça e cravejado de duas saphiras, uma rosa branca desabrochada na lapella, André Cavalleiro, que recusára a sopa (oh, no verão nunca comia sopa!) dominava a mesa, levemente commovido tambem, passando sobre o reluzente bigode um lenço tão perfumado que afogava o perfume dos cravos. Mas foi elle que encadeou a animação com risonhos queixumes sobre o calor — o escandaloso calor d’Oliveira... Ah! que Purgatorio abrasado — depois dos seus dois dias de Paraiso, na frescura deliciosa de Cintra!

D. Maria Mendonça adoçou os espertos olhos para o Snr. Governador Civil. — E então Cintra? Animada? Muitos ranchos á tarde, em Setiaes? Encontrára a Condessa de Chellas — a prima Chellas?...

Sim, na Pena, na sua visita á Rainha, Cavalleiro conversára durante um momento com a Snr. aCondessa de Chellas...