Era um banco de pedra, rente ao muro esbrechado que a hera afogava. Em torno a relva crescia, mais silvestre e florida com os derradeiros malmequeres e botões d’ouro que o sol d’Agosto poupára. Um aromasinho fino, d’algum jasmineiro emmaranhado na hera, errava, adocicava a serena tarde. E na rama d’um alamo, defronte do portão da Capella, duas vezes um melro cantára. Gonçalo sacudiu todo o banco cuidadosamente, com o lenço. E sentado na ponta, junto de D. Maria, louvou tambem a frescura, o recolhimento d’aquelle cantinho de Craquêde... E elle que nunca se aproveitára de refugio tão santo, e quasi seu, nem mesmo para um almoço bucolico! Pois agora certamente voltaria fumar um charuto, revolver ideias de paz sob a paz das carvalheiras, na visinhança dos vovós mortos... Depois, com uma curiosidade:
— É verdade, prima! E o subterraneo?
Oh! não existia subterraneo!... Sim, existia — mas entulhado, sem sepulturas, sem antiguidades. E o sachristão logo lhes affiançára que «não valia a pena sujarem as saias...»
— É verdade, oh Annica, déste alguma cousa ao sachristão?
— Oh filha, dei cinco tostões... Não sei se foi bastante.
Gonçalo assegurou que se pagára sumptuosamente