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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Em breve, ao cabo do caminho do Nascente, no cabeço alto, alvejaram as tendas do arraial, ao clarão das fogueiras que por todo elle fumegavam. O Adail de Santa Ireneia arrancou da bosina tres sons lentos annunciando Filho-d’Algo. Logo de dentro da estacada outras businas soaram, claras e acolhedoras. Então o Adail galopou até ao vallado, a annunciar ás atalaias postadas nas barreiras, entre luzentes fogos d’almenara, a mesnada amiga dos Ramires. Tructesindo parára no corrego escuro, que o pinheiral cerrado mais escurecia movendo e gemendo no vento. Dous cavalleiros, de sobreveste negra e capuz, logo correram pelo pendor do outeiro — bradando que o Snr. D. Pedro de Castro esperava o nobre senhor de Santa Ireneia e muito se prazia para todo seu regalo e serviço! Silenciosamente Tructesindo desmontou; e com D. Garcia Viegas, e Leonel de Çamora e Mendo de Briteiros e outros parentes de solar, todos sem lança ou broquel, descalçados os guantes, galgaram o cabeço até á estacada, cujas cancellas se escancararam, mostrando na claridade incerta dos fogareus sombrios magotes de peões — onde, por entre os bassinetes de ferro, surdiam toucas amarellas de mancebas e gorros enguisalhados de jograes. Apenas o velho assomou aos barrotes dous infanções, sacudindo a espada, bradaram: