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Página:A infanta D. Maria de Portugal e suas damas.djvu/90

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11 Riquezas, que costuman apressar casamentos, impediram-os no caso da Infanta, com espanto do publico, não iniciado nas machinações politicas. Variis casibus innupta (o que, bem interpretado, quer dizer: solteira por força maior ou considerações machiavellicas) ― joven que nunca teve dita para casar, sendo grande senhora ― eis o estribilho repetido pelos poetas, durante a sua vida e depois da sua morte, conforme o leitor verá.

12 André de Resende, um dos admiradores mais enthusiasticos da sabia Infanta, chamou-a directamente animosa virago, em allocução solemne, perante a Academia reunida. Cf. Nota 59.

13 Luciano Cordeiro occupou-se de D. João da Silva na interessante monographia sobre Infanta D. Leonor, Uma sobrinha do Infante, Lisboa, 1894.

14 Confira-se p. 35 ― 44 d'esta monographia.

15 Por licença poetica, os que se occupam do grupo da Infanta, costumam aggregar-lhe D. Hortensia de Castro. Cf. p. 36.

16 A respeito dos pintores citados, importa recorrer á obra de Raczynski, Les Arts en Portugal, e aos Dialogos da Pintura, de Francisco de Hollanda, commentados por Joaquim de Vasconcellos, na primorosa edição de Vienna de Austria, 1899 (p. LIII s.) Cf. a nossa Nota 29.

17 A photographia é de Laurent: a reproducção é das officinas do Commercio do Porto.

18 O altar que o retabulo encima é hoje do S. Sacramento. Está no cruzeiro, do lado do Evangelho. Uma imagem de N. S. do Cabo, mencionada por Gabriel Pereira num artigo inserto na Revista Archeologica IV 186, só esteve temporariamente na Egreja da Luz.

19 No paragrapho segundo do seu Testamento, a Infanta havia ordenado o seguinte: «Mando que mi cuerpo sea llevado a la Capilla que aora hago en el Monasterio de N. S. da Luz» e no Codicillo: «y la Capilla mayor de N. S. de la Luz, que aora labro, si no quedare acabada, se acabará luego, conforme a la traça que está echa.» A capella-mór, principiada em sua vida, estava pronta em 1585. Mas os testamenteiros, pouco zelosos, não queriam saber de pressas. Só a 30 de junho de 1597. pouco antes de se finar. Felipe II, seu sobrinho e ex-noivo, mandou realizar a trasladação. ― Parece-me significativo que Frei Miguel Pacheco, não conhecesse o quadro da Egreja da Luz. Tudo quanto refere da execução do testamento (cap. XVIII), cujos encargos ao cabo de meio seculo ainda não se haviam cumprido, sendo encarregado d'elles o proprio auctor da Vida, leva-me a pôr em duvida que alguem se lembrasse logo a principio de dar ao seu retrato o logar de honra que lhe competia.

20 A construcção d'este convento para Commendadeiras de S. Bento de Aviz, tambem não se concluiu, e talvez nem mesmo se começasse, em vida da Infanta. Creio até que foi principiado depois de 1620. ― No § 15 do Testamento ella dizia: «Mando que se haga un Monasterio de Monjas, de la Orden de S. Benito en el sitio que al General y Padres de S. Benito... pareciere bien... La invocacion desta casa será N. S. de la Encarnacion...»

21 Semelhante, quanto à physiognomia, bem se vê.

22 A estampa é a 47, na ordem da publicação, cujo titulo deixei consignado na Nota 6.

23 A estampa entrou p. ex. na Collecção de Barbosa Machado, conforme se vê do Indice, publicado por Innocencio da Silva, vol. VII p. 102.

24 Eis o que diz a este respeito o Padre José de Figueiredo: «O retrato que desta Senhora offerecemos he copiado de um quadro do seu mesmo tempo, que a representa ao natural, com muito primor. Conserva-se no Real Mosteiro da Encarnação com grande veneração e devemos á Ex.a Commendadeira a generosa franqueza com que prestou seu consentimento para utilidade do publico.»

25 Conde de Villa Franca, p. 275 da obra citada na Nota 10.

26 Julio de Castilho, Lisboa Antiga, vol. VII, pag. 339. O Snr. Visconde tem o quadro na conta de antigo e da escola portugueza.

27 E' d'este e só d'este quadro que Frei Miguel Pacheco deu noticia na Vida (a fl. 101 v. e 108 v.), infelizmente sem indicar quando e por quem foi pintado. — Quanto á authenticidade, está, portanto, em condições um pouco mais vantajosas do que os quadros da Egreja da Luz e do Mosteiro da Encarnação. — Dos danos que todos estes edificios soffreram em 1755, e das restaurações modernas, nada digo.

28 A carta é de 2 de Março de 1542. Vid. Pacheco fl. 24 ss.

29 Não é impossivel que a taboa pequena, mandada a França, fosse obra de Francisco de Hollanda. O mesmo direi do original reproduzido nas tres pinturas que apontei como existindo em Lisboa, e que todas mostram a Infanta na idade de vinte annos! A data exacta em que o discipulo enthusiasta de Miguel Angelo voltou da Italia, para onde fora no anno de 1538, em viagem de estudo, continua incerta. As ultimas investigações deram apenas em resultado que já estava de regresso em 1545, e talvez em 1543, e que no intervallo entre Novembro de 1543 e Julho de 1545 tirou pelo natural o retrato de D. João III para a filha ausente, a princesa D. Maria. — Vid. Joaquim de Vasconcellos, Francisco de Hollanda, Quatro Dialogos da Pintura, Ed. Vienna de Austria, 1899 p. XXXIX s. — Assentemos a hypothese que depois da morte de D. Leonor, o quadro voltasse a Portugal, ao paço da Infanta, servindo mais tarde de modello aos copistas da Luz e da Encarnação. Mas estabeleçamos tambem o facto que nos tratados de Hollanda não subsiste observação alguma78