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carar sob o ponto de vista da pressão dos factos económicos do momento.

O problema impõe se-nos mais sob o aspecto de uma medida garantidora de repressão ou de hijiene do que sob a pretensão duma reforma político-social. Temos analfabetos e precizâmos de instrui-los; temos doentes e precizámos de curá-los, assegurando-lhes a saúde; temos vagabundos e indolentes e precizâmos de corrijilos e aproveitá-los. E quem negará que, instruindo, tratando e obrigando, não atinjiremos este desiderato? Não é no patrimonio mental, hereditario, das crenças que se pretende tocar com a varinha de condão de uma reforma escrita, resolutiva de males organicos bem enraizados no passado; caberia, neste caso, a censura do filósofo. Busca-se apenas adaptar a práticas melhores, impostas pelas circunstancias, limpando-lhe e aperfeiçoando-lhe as péças, o maquinismo nacional da produção agricola. E' uma reforma económica, não só possivel, mas necessaria, agora, que todas as forças produtoras do paíz se devem integrar na equação da sua defeza, não sendo licito que o esforço de um só brazileiro se não multiplique e aproveite quanto mais o de uma classe tão importante, pela sua função reguladora da prosperidade nacional !

Ha 26 anos, em ocasião portanto menos vexatoria que a presente, o ilustre dr. Artur Getulio das Neves elaborou um lucido parecer sobre a organização agricola do estado do Rio de Janeiro, do qual passo a transcrever alguns trechos. Com o tempo, parece redobraram de importancia, porque definem o problema fundamental de hoje, propondo, mulatis mutandis, as mesmas soluções imperiosas a que chegarei no remate dêste estudo. Escritas para aquele estado, as judiciosissimas considerações que fez, e as medidas que alvitrou, quadram com admiravel justeza ao Maranhão atual. Diz o dr. Getulio das Neves:

«Existe, evidentemente, uma certa massa inativa e, além disso, perturbadora das condições de regular funcionamento do trabalho agricola flumimense. Para isso, muito concorrem a exuberancia da terra, a fertilidade