Ermelinda, accendendo effectivamente o lume no lar.
— Já o devias ter feito antes, Lindita, — disse Augusto, sentando-se junto d’ella.
— Mas se inda agora vim das prêsas, onde fui lavar a roupa?
— Pobre pequena — disse o Zé P’reira — tambem não te ha de faltar lazeira, tambem!
— A mim? Agora. Não que eu não saí de casa com as algibeiras vazias.
— Pois sim... mas é sempre preciso coisa que conforte... Inda se tu bebesses... já não digo um quartilho...
— Credo, meu padrinho! Que está a dizer?
— Que espanto!... Ora, senhores, que parece que o vinho é bebida amaldiçoada, que todos lhe teem mêdo! É vêr se o padre na missa...
— Padrinho! padrinho! que vae dizer? — interrompeu Ermelinda, quasi aterrada.
— Eu digo o que é verdade, rapariga!... Tenho minha presumpção de nunca dizer senão a verdade... Lá o pespeguei na cara do sr. juiz de direito e mais do sr. doutor delegado e mais doutores, quando fui a um juramento, por causa d’aquellas pancadas no recebedor... É que nenhum d’esses santalhões, d’esses missionarios me teem que ensinar n’esse ponto... Os missionarios!... Eu, um dia, tiro-me dos meus cuidados e dou-me ao trabalho de lhes ir perguntar, quando elles estiverem no pulpito, se Deus lhes manda que tirem as mulheres de casa, para que os maridos não tenham que comer, quando voltarem do trabalho... Um dia inda lhes vou perguntar... isso vou...
— Olhe; a agua não tarda a ferver; verá que dentro em pouco... — continuou Ermelinda.
— Bem, Lindita, bem — disse Augusto — em paga da boa vontade, com que trabalhas, vou dar-te uma alegre nova.
— A mim? Diga.