ciso ir á botica, e muitas maïs coisas, e não vejo nenhum!
Magdalena deixou sua tia a tocar outra vez a campainha.
Encontrou-se na sala immediata com Christina, que ia em direcção ao quarto de Henrique, com um copo de agua acidulada.
—Que ha, Christe?—perguntou-lhe Magdalena.
—Que ha de haver, Lena?—respondeu Christina com tristeza, mas com serenidade ao mesmo tempo—uma desgraça, mas que Deus ha de permittir que não seja sem remedio.
—Como está elle?
—Estonteado ainda, mas um pouco maïs tranquillo do que quando chegou. Os balanços do carro fizeram-lhe mal. Com as bebidas calmantes que lhe tenho dado, achou-se bem.
—E ainda não mandaram chamar o cirurgião?
—Já mandei, já veio, já o sangrou, já...
—Mas tua mãe não o sabe e ia mandar...
—Deixa-a lá, Lena. Deixa-a lá com os criados, que por ora não convem que venha. Elle precisa de socêgo. Já mandei sair d’aqui a tia Dorothéa, que não adeantava serviço. Queres vir vêl-o?
Magdalena seguiu a prima, e entraram ambas no quarto de Henrique.
Mantinham-se ainda em Henrique as consequencias da profunda commoção cerebral, que lhe produzira a quéda. A tendencia ao estado comatoso, que apresentava, tornava incerto o resultado e melindrosissimo o caso.
Voltára-lhe a razão e os sentidos; mas tardia aquella, e estes sem possibilidade de longa fixação em qualquer objecto. Sobretudo, o que n’elle se notava pouco de tranquillisar, era uma indifferença morbida pelo seu estado e por tudo quanto o cercava.
Acceitou das mãos de Christina a bebida refrigerante, que ella mesma preparára, com os movimentos quasi instinctivos do somnámbulo.