Saltar para o conteúdo

Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/186

Wikisource, a biblioteca livre

— O senhor vigário quer tomar já a sua sopa?. . . perguntou a boa velha.

E, como não recebesse resposta, chegou-se mais para ele, segurou-lhe o braço com brandura e repetiu a pergunta.

Ângelo tomou-lhe as mãos e fixou-a.

— Diga-me uma cousa, minha boa amiga... pediu ele. Que horas eram, quando ontem à noite vieram chamar-me aqui?...

— Aqui?... repetiu Salomé, desviando a vista. E acrescentou de si para si: — Agora é que são elas!. . .

— Sim, insistiu o pároco; refiro-me àqueles dois homens que vieram buscar-me à noite. . .

— Que homens?. . .

— Ho! Aqueles com quem eu saí a cavalo...

Salomé engoliu em seco, estalou várias vezes a língua contra o céu da boca,sonhei que e declarou afinal, tomando uma resolução:

— Vossa reverendíssima ontem à noite não saiu de casa!

— Não saí?!. ..

E Ângelo ergueu-se, abrindo muito os olhos. Como não saí?!. . .

— Não saiu, não senhor. Vossa reverendíssima recolheu-se ontem ao seu quarto e só apareceu hoje à tarde para rezar às Trindades. . .