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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/227

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a teu lado, e sempre terás à mão a minha bolsa.

Ângelo abaixou os olhos, empalidecendo.

— Que tens, meu amor?. . . interrogou a amante. Sentes-te mal? . . . Fala.

— Nada!...

E cerrou os punhos, rilhando os dentes.

— Oh! cala-te! Terrível sentimento apodera-se do meu coração! Sinto-me ambicioso e ávido de riquezas! Desejo ser o único dono de todos aqueles tesouros que ali estão acumulados! E esta cobiça me faz estalar o cérebro' Tenho o sangue a escaldar! Tenho febre! Tenho febre!

— Empalideces! Ó Ângelo! Ângelo! não te preocupes com o ouro! Pensa em mim, que sou a tua riqueza!

Ele, afastou-a com o braço.

— Sofro! sofro neste instante! acrescentou. Faz-me mal a vista de tanto ouro! Tenho vertigens! Desejava agora ser mil vezes milionário e ter todas as grandezas da terra!

— Ângelo! Ângelo!...

— Oh! deixa-me! Afinal não passo de um pobre aventureiro, sem o menor prestígio, sem ter sequer um nome de família! não passo de um miserável, sem passado e sem futuro, uma sombra de homem, sem esperanças e sem saudades! Não sou ninguém! ninguém!

— És muito, és tudo, meu amor, és tudo, pelo