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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/229

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tão moça... que, à noite, quando os vivos dormem, preciso vir aquecer-me nos braços de Ângelo. .. Não é assim, meu amor?. . . acrescentou ela, indo ter com o companheiro.

Este, porém, não respondeu, nem desviou os olhos das riquezas da caverna.

— E ele te ama?... perguntou o demônio à cortesã.

— Adora-me! afirmou a interrogada; e por mim ama a vida e os prazeres.

— Queres dinheiro, já sei, tornou aquele. Entra e enche-te à vontade. Leva o que quiseres; tudo o que levares, voltará multiplicado!

Alzira entrou na gruta. Ângelo quis acompanhá-la; o gênio de Ouro deteve-o de novo.

— Espera! Ouve! disse.

E tomou-o amigavelmente pelo braço, acrescentando:— Que te falta, ambicioso?.. . Que te falta para seres feliz?... Tens mocidade e dispões da bolsa de Alzira, a quem é permitido fartar as mãos neste inesgotável tesouro! . . .

— O que me falta? volveu Ângelo. Falta-me tudo! falta-me o poder absoluto! Queria ser um homem tão poderoso, que a um gesto meu o mundo inteiro se curvasse submisso e escravo!

— Por pouco que desejavas ser Deus!

— Oh, não! Não me fale em Deus! Não lhe invejo a grandeza! Queria uma glória mais humana, queria ter as conquistas de César e