Saltar para o conteúdo

Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/267

Wikisource, a biblioteca livre

mas hei de chegar a um resultado, ou enforco-me no primeiro lampião ou na primeira árvore que encontrar pelo caminho! E, voltando-se vivamente para a tia Salomé, a limpar, ofegante, o suor da testa, perguntou:

— E ele em que estado acorda?. . .

— Ora, sr. doutor. . . Cada vez mais acabrunhado e abatido. . . respondeu a boa velha, sarapantada de todo com o ar perplexo do médico. As tais horas de sono do senhor vigário, em vez de lhe darem novas forças e fazê-lo rijo, a modo que o deixam mais prostrado. . . Acorda cansado nem que se chegasse de uma viagem muito longa, ou que então largasse naquele instante um serviço muito forte!. . . Levanta-se da cama quase cambaleando, as suas orações fá-las ele tão fatigado como se passasse a noite em claro, barbeia-se caindo de sono, e depois assenta-se um bom tempo, descansando. Se eu não vier chamá-lo para a missa, é capaz de ficar aí todo o santo dia, a cismar!. . .

— Diabo! exclamou o médico com uma palmada na perna. Diabo! esta minha ausência foi um transtorno infernal! A nevrose chegou a um ponto em que se torna quase incurável!. . . Ah! mas, haja o que houver, carrego-o amanhã mesmo para o novo hospital de nevropatas que acabei de abrir, e vou fazer nele as minhas primeiras experiências da aplicação da água fria por meio de duchas graduadas! Está decidido!