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ISSN: 2317-2347 – v. 9, n. 2 (2020)
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2 A base teórica para a presente classificação dos topônimos

A classificação dos topônimos não é tarefa simples, dada sua natureza multiforme. Tal classificação pode ser feita segundo muitos critérios: o etimológico, o sociolinguístico, o ontológico, o cultural etc. Stewart (1954) foi um dos primeiros que empreenderam uma classificação geral deles. Outra tentativa mais recente de classificação abrangente dos nomes de lugares foi feita por Urazmetova et al. (2017). Segundo elas, “é obviamente impossível criar uma classificação unificada dos nomes dos lugares que pudesse refletir a natureza multidimensional total do vocabulário toponímico[1]” (URAZMETOVA et al., 2017, p. 28, tradução nossa). Tais autoras apresentaram onze princípios ou critérios para se classificarem os topônimos e, assim, segundo elas, devem-se considerar as características paramétricas e ontológicas de um objeto, o tipo de base toponímica, as características etimológicas, motivacionais, cronológicas e estruturais dos nomes de lugares, a polissemia, o grau e a variedade de nomeação toponímica e, finalmente, a localização de um objeto (URAZMETOVA et al., 2017). Tais princípios mencionados pelas referidas autoras são intralinguísticos e extralinguísticos, donde sua multiplicidade.

Segundo o critério da origem dos topônimos, apresentado na classificação de Urazmetova et al. (2017), podemos dividi-los em espontâneos ou artificiais, embora tais autoras não mencionem estas duas categorias. Definimos aqui como espontâneo o nome de lugar que foi atribuído por falantes da língua na qual ele foi criado, de forma anônima. Espontâneos são, geralmente, os nomes de elementos físico-naturais, tais como os cursos d´água, as montanhas, os morros, as serras, as praias etc. Artificiais são os topônimos de atribuição planejada, sendo que os autores da nomeação são conhecidos. Como exemplos de topônimos artificiais estão aqueles atribuídos por iniciativa oficial, como é o caso dos nomes de ruas, de praças, de distritos, de cidades, de municípios etc. Estes geralmente substituem topônimos mais antigos. Artificiais também são os nomes dados a propriedades particulares, tanto rurais quanto urbanas, sem a fixidez, a permanência e o anonimato que caracterizam os nomes espontâneos dados aos elementos físico-naturais.

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  1. “It is obvious that it is impossible to create a unified classification of place names which would reflect the entire multidimensional nature of the toponymic vocabulary.”