No momento da partida, quando Jorge se levantou, D. Maria, que compreendia o que essas duas almas tinham necessidade de dizer-se mutuamente, retirou-se.
Os dois amantes apertaram-se as mãos e olharam-se com um desses olhares longos, fixos e ardentes que parecem embeber a alma nos seus raios límpidos e brilhantes.
Tinham tanta coisa a dizer e não proferiram uma palavra; foi só depois de um comprido silêncio que Jorge murmurou quase imperceptivelmente:
— Amanhã.
Carolina sorriu, enrubescendo; aquele amanhã exprimia a felicidade, a realização desse belo sonho cor-de-rosa que havia durado dois meses; a linda e inocente menina, que amava com toda a pureza de sua alma, não tinha outra resposta.
Sorriu e corou.
Jorge desceu lentamente a ladeira e, ao quebrar a rua, voltou-se ainda uma vez para lançar um olhar à casa.
Uma luz brilhava nas trevas entre as cortinas do quarto de sua noiva; era a estrela do seu amor, que brevemente devia transformar-se em Lua-de-mel.