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Quatro pessoas se achavam reunidas na sala da casa de D. Maria.

O sr. Almeida, sempre grave e sisudo, conversava no vão de uma janela com um outro velho, militar reformado, cuja única ocupação era dar um passeio à tarde e jogar o seu voltarete.

O honrado negociante estava vestido em traje de cerimônia e machucava na mão esquerda um par de luvas de pelica branca, indício certo de alguma grande solenidade, como casamento ou batizado.

Os dois conversavam sobre o projeto do desmoronamento do morro do Castelo, projeto que julgavam devia estender-se a todos os morros da cidade; era um ponto este em que o reumatismo do sr. Almeida e uma antiga ferida do militar reformado se achavam perfeitamente de acordo.

As outras duas pessoas eram um sacerdote respeitável e uma encantadora menina, que esperavam sentados no sofá, a chegada de Jorge.

— Quando será o seu dia? dizia, sorrindo, o padre.

— É coisa em que nem penso! respondia a moça, com um gracioso gesto de desdém.

— Ande lá! Há de pensar sempre alguma vez.

— Pois não!