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E, dizendo isto, a menina suspirava, minha prima, como suspiram todas as mulheres em dia de casamento: umas desejando, outras lembrando-se e muitas arrependendo-se.

A um lado da sala estava armado um oratório simples; um Cristo, alguns círios e dois ramos de flores bastavam à religião do amor, que tem as galas e as pompas do coração.

Jorge chegou às cinco horas e alguns minutos.

O sr. Almeida apertou-lhe a mão com a mesma impassibilidade costumada, como se nada se tivesse passado entre eles na véspera.

Um observador, porém, teria reparado no olhar perscrutador que o negociante lançou ao moço, como procurando ler-lhe na fisionomia um pensamento oculto.

O padre revestiu-se dos seus hábitos sacerdotais; e Carolina apareceu na porta da sala guiada por sua mãe. Dizem que há um momento em que toda mulher é bela, em que um reflexo ilumina o seu rosto e dá-lhe esse brilho que fascina; os franceses chamam a isto... “la beauté du diable”.

Há também um momento em que as mulheres belas são anjos, em que o amor casto e puro lhes dá uma expressão divina; eu, bem ou mal, chamo a isto... a beleza do céu.

Carolina estava em um desses momentos; a felicidade que irradiava no seu semblante, o rubor de suas faces, o sorriso que adejava nos seus lábios, como o núncio desse monossílabo que ia resumir todo o seu amor, davam-lhe uma graça feiticeira.